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A popularidade de Lula não é manipulação das pesquisas

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É fácil chamar Lula de ladrão, de criminoso, de salafrário, de quadrilheiro, ou de qualquer outro adjetivo que se possa usar para descreve-lo. Difícil é reconhecer que, mesmo preso, ele continua conservando enorme prestígio popular. Quem acompanha meu trabalho aqui no portal Lócus e em outros veículos sabe o que penso dele e do PT. O caos que vivenciamos, tanto no campo moral quanto no campo econômico, é resultado de suas políticas, seja exercendo o poder de forma direta, seja mandando e desmandando em Dilma. Mesmo assim, é preciso examinar o que ocorreu em sua época para compreender seus indicadores atuais.

A popularidade de Lula se deve a dois fatores: a lembrança dos resultados econômicos ocorridos em seu governo e a equalização da classe política como um conjunto de corruptos sem distinções. De certa forma, ele foi beneficiado pela reabilitação da antiga expressão “rouba mas faz”, usada correntemente na política nacional desde meados do século passado.

É preciso saber distinguir a análise técnica que se pode fazer do governo Lula da percepção que a população tem do período. Os números robustos da economia entre 2003 e 2010 se devem a um conjunto de fatores que contemplam a continuidade das políticas fiscais do governo Fernando Henrique Cardoso, o boom das commodities e o contexto favorável do mercado mundial. O resultado foi a redução considerável do índice de desemprego, o aumento do salário mínimo, a elevação das reservas internacionais, a obtenção do status de grau de investimento pelas agências de risco – só para citar alguns exemplos. 

Qualquer pesquisador honesto dirá que o Brasil cresceu apesar do governo Lula, não por sua causa. Isso, entretanto, não tem a menor importância quando considerada a ótica do cidadão comum, que parte de outro nível de observação. O brasileiro médio, que tem baixa instrução e escolaridade, faz a associação direta entre o governo do momento e o momento em que vive. De modo que muita gente considera que a vida era melhor quando Lula era presidente, mesmo não tendo sido ele o responsável por idealizar nenhuma das políticas que geraram emprego e renda. A dona Joana, que mora lá na periferia de Belo Horizonte, não sabe o que é superávit fiscal, qual governo o implementou e nem que efeito isso tem em seu cotidiano, mas sabe como é bom que seu filho esteja empregado. Entre 2003 e 2013,  foram gerados 15,38 milhões de postos formais de trabalho. Lula nadou de braçada em cima desses números.

Outro fator preponderante foi a exploração do consumo. Com fartos recursos à disposição, houve a expansão do crédito (que bateu em R$ 1 trilhão), volume de recursos que representavam 50% do Produto Interno Bruto. Linhas de financiamento com operações de crédito consignado, que é abatido na folha de pagamento, foram disponibilizadas para as camadas populares, incluindo aposentados e pensionistas. Os mais pobres podiam comprar bens e ter acesso a um conjunto de serviços que antes era inviáveis em termos financeiros.

O que os nossos liberais e os nossos conservadores ainda não aprenderam é que Lula, cuja origem é a esquerda, foi o único político que soube ganhar popularidade em cima da natureza capitalista do povo. Pobres gostam dos luxos que só o sistema de produção da livre iniciativa possibilita. Tanto é assim que, em diversas ocasiões, o ex-presidente fazia discursos se gabando de que em seu mandato os pobres finalmente podiam voar de avião.

A crise atual, com a explosão das contas públicas e o índice recorde de endividamento da população, é resultante desse populismo fiscal. Ocorre que ninguém, a não ser a ínfima fração de pessoas estudadas e intelectualmente sérias, sabe disso. O que popularmente se sabe é que durante o governo Lula se vivia bem, e agora se vive mal. Há, goste-se ou não, uma memória afetiva daquele tempo. É por isso que a propaganda petista investe tanto na ideia de que o Brasil precisa ser feliz de novo. A estratégia usada é de remeter ao período em que havia emprego, consumo e crescimento.

Grande parte dos críticos de Lula ignoram esses fatos, atribuindo a ele uma aceitação inventada pelas pesquisas. Trata-se de pura negação da realidade. Durante anos, o ex-presidente fez uso da retórica e da propaganda para mistificar o legado de sua passagem pelo poder. Sem oposição e sem discurso contrário que tivesse efeito junto às massas, predominou o entendimento de que ele foi o único responsável pelo crescimento do Brasil. A estabilidade, que foi conquistada com a oposição ferina do PT, foi instrumentalizada em favor do seu líder. É por isso que Lula seria o favorito na eleição presidencial se pudesse de fato concorrer.

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A instabilidade emocional é o custo imediato da democracia

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Dom Beltrand, numa palestra em Caçapava/SP, em 1992, à Fundação Nacional do Tropeirismo, falou de estudos que mostram os efeitos nocivos da democracia para a população têm o mesmo efeito daqueles sobre os filhos que são criados em núcleos familiares instáveis, com brigas, insultos, violência. A alternância democrática, a cada quatro anos, causa feridas que, logo quando sanadas, voltam a se formar.

Quando assisti ao vídeo acima, poucos anos atrás, esse argumento pareceu bastante sensato. Em 2018, por exemplo, quantos foram aqueles que, aos prantos, ficaram horrorizados com a vitória de Bolsonaro: homossexuais diziam que seriam perseguidos, feministas temiam o recrudescimento da violência contra a mulher, corruptos apavorados com presas. Por todos os lados, uma choradeira democrática sem precedentes. Todos esses temores, obviamente, não se confirmaram.

Agora, o cenário é outro. Lula candidato é como aquele sujeito que vai a uma festa somente para importunar aqueles que querem se divertir. Sua presença nas eleições é sinônimo de algazarra. A esquerda gosta dessa bagunça, da agitação, da insegurança, do terror. Lula visita traficantes, justifica pequenos furtos de delinquentes, promete abertamente caçar os seus opositores, se restar vitorioso. A direita e os conservadores que se preparem.

Numa recente entrevista de Leonardo Boff, um esquerdista da velha guarda que se posta como líder espiritual, afirmou com todas as letras que conversa seguidamente com Lula e que o discurso do descondenado é moderado. Sim, “moderado”. Se ele vencer, de acordo com Boff, o bicho vai pegar. Eles falam isso abertamente e muita gente custa acreditar.

A democracia nos custa, a cada dois anos (levando em consideração as eleições municipais), muitas noites de sono. Ponto para Dom Beltrand. Mesmo que Lula perca, a dor de cabeça foi muito grande.

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Eva Lorenzato: “No Brasil e no mundo, as pessoas reconhecem o trabalho do PT”. Tchequinho não poupa

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Já se passou o tempo em que defender ex-presidiários era sinal de imoralidade. Eva Lorenzato é uma amostra destes tempos

Lula esteve na Europa recentemente. A agenda incluiu o presidente da França, Emmanuel Macron, o futuro chanceler alemão Olaf Schulz, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que disputará as eleições presidenciais francesas, o ex-premiê da Espanha José Luís Zapatero e o prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz. Na Espanha,  com o atual premiê espanhol, Pedro Sánchez.

Em Madri, Lula participou na quinta, 18, da abertura de um seminário de cooperação multilateral e recuperação em um cenário pós-Covid-19. Na ocasião, defendeu a quebra de patentes de vacinas para ampliar a igualdade no acesso aos imunizantes.

Em Paris, o ex-presidente foi recebido no Palácio do Eliseu com honras de chefe de Estado por Macron, um desafeto de Bolsonaro. Ao francês, Lula defendeu uma nova governança global e discutiu ameaças à democracia e aos direitos humanos. E por aí vai…

Eva Lorenzato (PT) não perdeu a oportunidade de enaltecer a participação do ex-presidente no cenário europeu. Para ela, o mundo inteiro reconhece o trabalho do Partido dos Trabalhadores e do PT: “Muito orgulho nós temos do estadista que Lula está sendo”. Veja:

Tchequinho (PSC), que não poupa críticas para se referir ao ex-presidente: “Ficou 16 anos saqueando o Brasil, e agora fica dando palestra dizendo que vai resolver os problemas do país”. Veja:

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Candeia critica fala de Toffoli sobre Poder Moderador e semipresidencialismo no Brasil

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Durante o 9.º Fórum Jurídico de Lisboa, o ex-presidente do Supremo afirmou que hoje o Brasil vive um “semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo Supremo Tribunal Federal. Basta verificar todo esse período da pandemia”. O evento foi organizado pelo supremo magistrado Gilmar Mendes.

Para Candeia, essa afirmação é o mesmo que dizer que houve uma mudança constitucional sem a participação do Congresso Nacional. Veja:

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