O Novo jamais será um partido realmente de sucesso enquanto for estatutariamente elitista

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Há um uníssono estupidificante nas siglas tradicionais do país. Em sua totalidade, elas apregoam diferentes graus de intervencionismo na economia. O Novo nasceu com o objetivo de contrariar essa mesmice e representar ideias pouco defendidas por partidos políticos no Brasil: o livre mercado e a ação do indivíduo como condutora do desenvolvimento social.

O problema do Novo, portanto, não é o que propõe, mas como atua. Na ânsia de se apresentar como uma antítese de tudo o que está aí, caiu no idealismo mais ingênuo. Por exemplo: Por ser contrário ao fundo partidário, que de fato constitui uma excrescência na forma como existe hoje, optou por abrir mão dessa fonte de recursos, usando como substitutivo as contribuições de seus filiados. Cada integrante tem o dever estatutário de pagar a anuidade de R$ 250,00.

Em um país onde a renda média domiciliar é de pouco mais de R$ 1.000 por mês, quem vai querer pagar para poder  participar de um partido? Sobram, obviamente, os empresários e os profissionais liberais de classe média e alta. De modo que há, mesmo que sem pretender, uma clara elitização da sigla, que acaba excluindo e afastando as camadas mais populares. Sem elas, como atingir a penetração social necessária para que o partido seja um sucesso eleitoral?

O último encontro do Novo ocorreu no restaurante Rubaiyat do Rio de Janeiro, que serve pratos populares como merluza negra e costeletas de cordeiro. Os preços do estabelecimento, segundo informações da Veja Rio, variam de R$ 117 a R$ 275  o prato – ambiente nada convidativo para motoristas de ônibus, secretárias, professores e caminhoneiros.

Não, não tenho nada contra integrantes da elite desenvolvendo um projeto político que pode sim beneficiar o povão. O capitalismo de mercado, afinal de contas, é a melhor forma de ascensão social já criada pela humanidade. É hora, entretanto, de se aproximar daqueles que mais saem prejudicados pelo gigantismo do Estado: os pobres e necessitados. O liberalismo brasileiro não chegará ao poder se não conquistar o subúrbio. E, para isso, terá de trocar as costeletas de cordeiro do Rubaiyat pelas feijoadas coletivas dos salões de bairro.

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