Representantes de partidos integrantes do Foro de São Paulo querem uma vaga na Assembleia Legislativa, fortalecendo a esquerda no Estado

Estamos em plena campanha eleitoral para eleger desde uma nova Assembleia Legislativa até o Presidente da República, passando por governadores, deputados federais e senadores, em uma eleição que nem acabou e já tem tudo para ser a mais aguerrida de todos os tempos. Enquanto este artigo é escrito, um candidato a presidente está na cadeia, outro no hospital vítima de um atentado e um terceiro fazendo jejum na montanha.

Aqui no Rio Grande do Sul, cerca de 840 candidatos tentam uma vaga para deputado estadual. O número é aproximado – pois mesmo com a campanha eleitoral em atividade, os registros de candidatura ainda não foram julgados na totalidade. Esta prática joga dezenas de homens e mulheres pedindo voto na TV, na internet e nas ruas sem a certeza da validade da candidatura. Para o eleitor, um verdadeiro desastre.

Distribuição dos candidatos nas eleições 2018 no Rio Grande do Sul, para todos os cargos. Fonte: Site do TSE.

Destes 840, 163 candidatos concorrem por partidos integrantes do famigerado Foro de São Paulo, organização internacional que une boa parte de todos os partidos de esquerda da América Latina e Caribe. No Foro estão 26 países e do Brasil são integrantes o PDT (Partido Democrático Trabalhista), PCdoB (Partido Comunista do Brasil), PCB (Partido Comunista Brasileiro), PPL (Partido Pátria Livre), PPS (Partido Popular Socialista), PSB (Partido Socialista Brasileiro) e PT (Partido dos Trabalhadores). Outros partidos não integram oficialmente o Foro, mas comungam de muitas ideias (obviamente) e mandam representantes para os eventos organizados pela instituição.

 Os candidatos a deputado estadual dos partidos do Foro de São Paulo

Mesmo que o eleitor não vote diretamente em candidatos dos partidos ligados ao Foro, muitas vezes acaba ajudando-o por conta das coligações partidárias: partidos que formam times para disputar as vagas na Assembleia Legislativa, somando os votos de todos candidatos para a tentativa de obter o quociente eleitoral, já que são necessários cerca de 130 mil votos para um político virar deputado no Rio Grande do Sul.

Poucos conseguem uma vaga na Assembleia com votos próprios, e a maioria é fruto destas somas via coligação. PMB e PDT estão coligados formando a Frente Trabalhista e PSDB, PPS, PHS e REDE formam a Juntos Pelo Rio Grande, só para citar dois exemplos. A ideia do político “puxador de votos” nas eleições é parcialmente entendida pela população, mas por trás destes milagres eleitorais existe um mecanismo bastante complexo.

As últimas do Foro de São Paulo

O mais recente evento do Foro de São Paulo ocorreu em julho deste ano em Havana, capital cubana . O 24º “Encontro do Foro” resultou em um documento que reafirma a luta unida das esquerdas latinas em diversas pautas, a luta contra o imperialismo e muito “Lula livre”. Como não poderia deixar de ser, para todos os integrantes do clube, Lula é um preso político inocente. A resolução de apoio incondicional a Lula pode ser vista (em espanhol) no site oficial do Foro, neste endereço, bem como outros destaques diretamente no site do PT.

Dilma Rousseff e Gleisi Hoffmann mandando ver no “Lula Livre” em Havana. Em casa.

É claro que nem todos os políticos filiados aos partidos do Foro de São Paulo comungam publicamente das ideias oficiais do clube vermelho, por inocência, desconhecimento ou, em último caso, má-fé. Mas um deputado eleito é sempre uma força a mais com tribuna, assessores, orçamento e tempo disponível para militar pelas causas. Em algumas situações, até mesmo sem saber.

Vale destacar também que outros candidatos de outras siglas de esquerda comungam dos mesmos ideais, mesmo não pertencendo diretamente ao Foro.

Há quem diga que vota pela pessoa e não pelo partido. Mas é bom combinar com o partido antes. Fiquem ligados. O questionamento direto (e de preferência registrado para a posteridade) é o melhor caminho para a resolução de dúvidas eleitorais.