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França: quem são e o que querem os “coletes amarelos”

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A França, a terra que é berço do lema  “liberdade, igualdade e fraternidade”, talvez nunca tenha contestado o princípio da liberdade como agora. A onda de protestos dos chamados “coletes amarelos” tem tirado o sono de Macron, deixando muito claro para o mundo que a população já não tem mais paciência com globalistas no poder. 

Para os temas internacionais talvez seja necessário o mesmo grau de cautela que para analisar um momento do passado. Isso porque os tempos são diferentes, assim como as sociedades têm valores diferentes. 

Um mural recria o quadro de Delacroix, ‘A liberdade guiando o povo’, mas com os coletes amarelos no lugar dos revolucionários de 1830 (Imagem: AFP/Isto É)

O autor desta matéria cursa uma especialização de universidade francesa, ambiente que proporciona contato com alguns nativos. No entanto, o ponto de vista estritamente acadêmico, que costuma ser o recheio das conversas, parece destoar um pouco da realidade. A primeira resposta obtida de um professor francês foi: “a França é historicamente um território conturbado, fazendo das demandas populares um ambiente de guerra”. Indo um pouco mais a fundo, a conversa se resumiu a dizer: “a crise ocorre por um aumento no imposto da gasolina, que deixa cheio de raiva a população de classe média”. Não parece, todavia, um argumento satisfatório. 

Aprofundando a conversa com outros interessados, ficou claro que a questão do imposto sobre o combustível era real. A teoria econômica mais simples apresenta alguns argumentos esquematizados sobre isso, como: “se o combustível aumenta, obviamente o índice geral dos preços vai inflacionar”. O empresariado não abraça os custos sozinho, por isso repassa-os para os consumidores. Na França, os combustíveis subiram mais de 20% pela caneta de Macron. 

Na França, o aumento do combustível afetou a inflação. Como dito anteriormente, afetaria qualquer lugar. Mas não é só. Outro colega informou que o imposto era, na verdade, uma espécie de “taxa ambiental”. Há interesses para que se reduza o consumo de combustíveis fósseis. Ao invés de criar uma alternativa, aumenta-se os impostos para desestimular o consumo. Mas se não há alternativas viáveis para substitutos próximos, o que a população pode fazer senão consumir o mesmo combustível só que com um preço mais alto? 

Sabe-se também que não há um rosto por detrás dos protestos. Isso significa que não é um movimento liderado por nenhum grupo em especial, sobretudo partidário ou sindical, mas de adesão popular. Há muita semelhança com o corrido no Brasil em 2015, quando milhares de brasileiros tomaram as ruas pedindo o impeachment de Dilma Rousseff – é válido lembrar que os políticos que tentaram tirar uma lasquinha foram expulsos imediatamente. 

O governo francês está tão atemorizado que já está pensando em criar leis para criminalizar os protestos não autorizados. Imagine-se indo até o governo e solicitar autorização para protestar contra o mesmo. Não parece nada razoável. É claro que, pensando no direito de greve, há algumas limitações de ordem constitucional, sobretudo quando recai sobre serviços essenciais. O caso, no entanto, não é esse. Assim como os brasileiros pediram a cabeça de Dilma Roussell por sinais óbvios de incompetência profissional, o mesmo está acontecendo com o presidente francês Emmanuel Macron. 

O que Macron e Dilma têm em comum?

Embora alguns tentem minimizar o alcance dos protestos, a realidade não faz sombra sobre os fatos: a França tem sido um verdadeiro campo de batalhas semanalmente. O curioso é que, diferentemente dos ataques terroristas islâmicos – os quais poucos revoltaram os grupos de esquerda -, os “coletes amarelos” já são vistos como “um tipo de fascismo conservador”. O que é certo é que os franceses acordaram: os avanços da esquerda globalista não só têm acabado culturalmente com a França, como emocional e socialmente. No entanto, diferentemente do Brasil, onde havia uma figura como a de Bolsonaro para integrar a direita e os conservadores (e outros antipetistas), a França se encontra sem um político com o mesmo porte para integrar essa massa de indignados (pelo menos nenhum nome de peso apareceu até o momento).  É fato que acordaram: se a direita não se interessar por política, a esquerda não poupará esforços para ocupar todo e qualquer espaço. Macron é um daqueles políticos que anda de mãos dadas com organismos internacionais e que não mede esforços para ser um tipo “politicamente correto”. 

Sabe-se que a França tem sido um dos países que recebe mais imigrantes, sobretudo os refugiados, que chegam de mãos abanando e abaixo da linha da pobreza. isso significa que os índices de violência vão aumentar em questão de pouco tempo, como já tem ocorrido. Roubos, estupros e outros delitos têm se tornado espantosamente maiores em todos os países europeus desde a chegada de imigrantes, sobretudo aqueles vindos de territórios islâmicos. 

A aprovação do governo, antes majoritária, despenca a cada dia. No ano passado já estava abaixo dos 30%, agora muito certamente menor. Isso ocorreu porque os interesses de Macron são internacionais, voltado para cumprimento de metas da ONU e seguindo aquele bom mocismo da União Europeia, mostrando poucos sinais de importância para os problemas internos. Vale lembrar que, quando eleito, Emmanuel Macron era tido como o “salvador do globalismo”.

Na França, os índices de desemprego são assustadores e as medidas econômicas em nada têm contribuído para melhorar esse cenário. Países como EUA, Polônia, Áustria, assim como o Brasil e outros, têm virado as costas para interesses globalistas, adotando medidas de interesses estritamente internos. A tendência é que, cada vez mais, os países assumam seus compromissos perante a própria população e comecem a virar as costas para ONU e acordos multilaterais. 

A torcida é para que, independentemente da continuidade ou não do governo Macron, a França volte a exercer sua vocação, sobretudo cultural, impedindo que agendas globalistas acabem com o legado de séculos de influência sobre a humanidade. Muito provavelmente o conservadorismo volte a colocar a França nos eixos, porque assim ela é: possui um direito sólido, uma alta cultura de dar inveja e uma língua poderosa. Que a população siga protestando até que seus burocratas voltem seus olhos para os interesses nacionais.  

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