Covid-19

COVID-19: Não estamos tratando apenas de saúde ou economia, mas também da liberdade

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A sociedade passa por um momento inédito. Com a epidemia do COVID-19, ela se depara com uma decisão entre a vida e a economia, como se isso fosse possível ou como se optar por uma representa excluir a outra.

As ações executadas por governadores e prefeitos (com fortes restrições de liberdades individuais) somadas aos diversos relatos diários sobre manipulação dos números de contaminados, de óbitos, isso sem falar das denúncias de desvios de verbas e de superfaturamento que seriam destinados à compra de equipamentos para o combate à epidemia levantam dúvidas sobre o caminho escolhido pelos órgãos públicos em combate ao COVID-19.

Porém,o que muitos já perceberam é que não se trata de uma escolha simples. Na verdade, a escolha é ÚNICA:é a VIDA, pois vidas dependem da economia e a economia depende devidas. Para isso, a liberdade se trata de uma condição pré-existente.

Carnaval, uma festa popular e rentável e que não deve ser cancelada

A primeira notificação de contaminação pelo corona vírus no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, data do final de janeiro e, embora mediante alertas de integrantes do governo federal, governadores e prefeitos não cancelaram o carnaval, a maior festa popular do país, que posteriormente confirmou mais de 40 milhões de pessoas nas ruas e uma arrecadação superior a R$ 2 bilhões.

Manifestações após o carnaval

Passada a euforia do carnaval, logo começaram a surgir os casos e, curiosamente, João Dória foi o primeiro a se manifestar via Twitter. Segundo ele, “Não existe motivo para pânico”, em mensagem do dia 1º de março de 2020, levantando o coro sobre as demais autoridades.

A partir de março, toda a narrativa mudou.

Questão de saúde

As primeiras notícias vinculadas na grade mídia provenientes do mês de março de 2020 informavam que, casonão houvesse isolamento e distanciamento social, poderia haver mais de 1 milhão de mortes no país.

Essas primeiras informações basearam-se principalmente no modelo matemático do médico Neil Fergunson (Imperial College London), instituição intimamente vinculada à indústria farmacêutica (CEPI- Coalition for Epidemic Preparedness Innovations). Essa notícias, amplamente divulgada, rapidamente causaram grande pânico e histeria coletiva em todos níveis da sociedade.

O COVID-19, de certa forma, trouxe a lembrança da epidemia do H1N1, no ano de 2009. Naquele momento, infelizmente, houve mais de 200 óbitos no RS. Entretanto,cogitada medida restritiva no comércio sequer foram similares à epidemia do COVID-19, na indústria, comércio ou na prestação de serviços

Devido à grande quantidade de informações difundidas no dia-a-dia, tanto nos aspectos referentes à saúde e ao tratamento quanto nos aspectos econômicos, um “grande debate público” se instaurou, sobre os quais foram embutidos “vários tons de pânico”.

A grande mídia, evocando principalmente o emocional,continuava sua propagação do caos, o que de certa forma distraiu a população para ações nada republicanas de diversos governadores: a restrição de liberdades individuais e a corrupção.

No decorrer do mês de março de 2020, ações restritivas no comércio e nas indústrias foram impostas por alguns governadores (João Dória-SP, Wilson Witzel-RJ, Eduardo Leite-RS, Carlos Moisés-SC, Rui Costa-BA, Helder Barbalho-PA, também seguidas por alguns prefeitos). As supostas medidas para proteção levaram alguns governadores a anunciar parcerias com empresas de telefonia celular com intuito de monitorar aglomerações. Diziam que a população não deveria propiciar a aglomeração e circulação de pessoas, para evitar a contaminação, principalmente ficar em casa.  Com o “isolamento e distanciamento social não haverá contaminação massiva”, apontavam. Isso sob o pretexto de que o sistema de saúde não suportaria um grande número de casos a serem tratados.

Cabe aqui ressaltar um ponto importante.O sistema de saúde não ficará caótico com uma alta taxa de contaminação e de necessidade de atendimento e/ou internações, pois já é caótico.  São inúmeras reportagens e notícias sobre pacientes sendo atendidos em corredores, bancos, macas e até no chão. As “filas” para consulta de especialistas e cirurgias eletivas, em muitos casos, chegam a mais de 1 ano.

No que se refere às flexibilizações permitidas para compras sem licitação, várias denúncias de compras de equipamentos defeituosos (respiradores em SC), de aventais provenientes de empresa do ramo de edição de livros (São Paulo), superfaturamento de respiradores no Pará (mais de 4 vezes o valor de mercado) e, no Rio Grande do Sul, a assinatura de um contrato para realizar testes do COVID-19 por uma empresa agropecuária.

Questão de saúde financeira também

O entusiasmo e a esperança na melhora da economia foram fundamentais para a oxigenação de setores que estiveram bastante afetados nos últimos anos, tais como indústria, comércio e prestação de serviços.  As ações que reduziram juros, incentivaram investimentos em diversas áreas, promovendo a ampliação de oferta de vagas de trabalho. No ano de 2019, mais de 1 milhão de novos postos de trabalho  foram criados.  Segundo o SEBRAE, o comércio é responsável por 53,3% do PIB, a indústria 22,5%, a prestação de serviços 36,3%.

Com as medidas restritivas, o Brasil registrou mais de 9 milhões de desempregados em pouco mais de 1 mês. E caso tais medidas permaneçam, as projeções não são nada animadoras, muito pelo contrário, haverá um grande aumento de pessoas desassistidas.

Saúde e economia nunca estiveram e não estão isoladas

Num país que grande parte dos trabalhadores e das empresas não possuem reservas suficientes para enfrentar uma situação de isolamento e distanciamento social por muito tempo, certamente o resultado dessas ações deflagradas por governadores e prefeitos será desastrosa.

Está sendo presenciado um despertar por parte de muitos. Vive-se hoje numa sociedade com amplo acesso a fatos, dados, informações e opiniões, sendo imprescindível a disposição para busca-las. Num passado recente, em que bilhões foram desviados para a construção de portos, pontes, metrôs, estradas, estádios, a política estava com abstinência desses artifícios sombrios, para mais uma vez obter uma forma de obliterar a esperança em dias melhores. E utilizam-na do mais subterfúgio causal  para a sua execução: a vida, o bem maior dos seres humanos.

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