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O incrível pronunciamento de Eduardo Leite para o 20 de Setembro: oportunismo e indiretas

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Pandemia é o fio condutor da fala, que mistura considerações com as famílias das vítimas do coronavírus e pacotão de aumento de impostos, na data que relembra uma revolução que foi, entre outras coisas, contra tributos.

O governador Eduardo Leite foi para o facebook neste dia 20 de setembro, data máxima dos gaúchos, para fazer um discurso oficial. Paramentado com um lenço vermelho, enviou para a população o seguinte:

“Gaúchas e gaúchos, nós vamos viver um Vinte de Setembro diferente em 2020. Vai ser uma data farroupilha sem aglomerações e sem comemorações efusivas de rua. Nós não vamos ter os acampamentos e os desfiles o que obviamente não nos impede de expressar o sentimento de orgulho em relação ao nosso passado. E principalmente quanto aos destinos do nosso Rio Grande do Sul. 

A pandemia nos colocou nesta situação inusitada, alterando comportamentos e nos impedindo de fazer o que normalmente a gente fazia, até a chegada da doença. Mas apesar da sua força destrutiva, a pandemia não nos afastou dos nossos princípios e da nossa história.

Em primeiro lugar, eu quero dar um abraço afetuoso ainda que à distância, às famílias que perderam os seus entes para a traiçoeira COVID-19. Que as vidas e as lutas de quem foi vencido pela doença, sigam servindo de exemplo a todos nós.

Eu convido a todos a usar este momento de comemoração contida e de um certo silêncio pra refletir a respeito da sociedade que estamos construindo no nosso estado. Certamente a pandemia nos reiterou o valor da empatia e da ponderação. Fez ainda mais: comprovou que ninguém é dono da verdade e que a tarefa de administrar os problemas é de todos nós, homens públicos e população. 

Dois mil e vinte não tem sido um ano fácil. Estiagem, eventos climáticos extremos e pandemia. Eu não tô aqui reclamando, a gente segue trabalhando. Buscando alternativas, administrando e levando adiante o nosso propósito de encontrar e aplicar soluções duradouras para o nosso estado. 

O que não mudou em 2020 foi o nosso empenho e a nossa disposição para o diálogo. E também para as construções coletivas. Nesse momento, por exemplo, nós estamos apreciando na Assembleia Legislativa um projeto de reforma tributária que proporciona uma resposta financeira concreta e consistente no âmbito da receita para o conhecido drama fiscal gaúcho. Uma reforma que é necessária e será transformadora. A aprovação consome um enorme esforço político, mas nós acreditamos no senso de responsabilidade dos nossos parlamentares. Eles já demonstraram isso em outras oportunidades. 

Nós estamos construindo o texto final juntos. Nos limites do bom senso. Assim como enfrentamos a pandemia e da mesma maneira como nós contornamos outras adversidades na nossa história. 

Que nós dediquemos uma parte deste domingo, neste 20 de setembro de 2020 para pensar sobre o que nós estamos fazendo. Todos nós. Pra tornar melhor a vida neste maravilhoso recanto do sul do continente americano. É inevitável dizer: que sirvam as nossas façanhas de modelo à toda Terra.”‘.

 

 

De trás para frente, o pronunciamento de Eduardo Leite pode ser resumido na venda de uma verdade parida no seio da sua equipe técnica: o pacote com aumento de impostos (quase sempre negado ou com ganhos comprovados ao pobre na forma de cálculos estranhos),  que os deputados serão irresponsáveis se não aprovarem. Tudo isso conduzido com uma menção especial à pandemia e aos familiares das vítimas gaúchas, aquelas que deverão pagar mais caro pelos alimentos – só para começar – caso a reforma tributária passe pela Assembleia.

Acima: Eduardo Leite no Twitter, comentando a posição da turma do Partido Novo gaúcho, com empatia e ponderação. Acessem, tem comentário de passo-fundense defendendo o governador no fio. Adivinha quem é?

Nunca saberemos como teria sido este Vinte de Setembro com desfiles nas principais cidades do estado, mas fica aqui um palpite: as façanhas de Eduardo Leite seriam bem lembradas por boa parte das famílias, quem sabe até com carro alegórico de algum farroupilha lutando contra o poder cobrador de impostos. Uma pena, talvez na próxima.

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