Passo Fundo

O vandalismo político no abandono da Praça Marechal Floriano tem método

Publicado

on

O cartão postal da cidade de Passo Fundo vem sofrendo com ciclos de abandono e reformas superficiais para políticos fazerem fotos e mostrar serviço

A “Praça da Cuia”, principal cartão postal da cidade e que já foi até locação para filme do Teixeirinha, está (outra vez) abandonada pela Prefeitura. Essa novela vem de muito tempo e de outros governos – além do binômio Luciano-Pedro – mas tem piorado, já que muito dinheiro foi gasto neste período e a coisa continua feia. Apenas um exemplo: os bancos de concreto originais da Praça estão em melhor estado do que os moderninhos de madeira e metal colocados lá pelo Luciano.

Nós já realizamos um apanhado das barbeiragens da Prefeitura de Passo Fundo na Praça Marechal Floriano no texto Destruição da Praça da Cuia: o que você precisa saber, em abril deste ano. Na época, a população via com pavor as “reformas” que desfiguravam o calçamento com pedras portuguesas. Hoje, a comunidade novamente reclama da situação após uma postagem com 80 fotos da praça viralizar no Facebook. O álbum do usuário Marcio Raymundi Duarte tem imagens tristes sobre – palavras dele – uma Bienal dos Horrores.

 


O local sofre a ação de dois principais atores: os vândalos de fato – praticantes de todo tipo de destruição conhecida do patrimônio público – e de políticos que não são capazes de gerir as praças da cidade, colocando na mão de parceiros sem qualquer ligação profissional o gerenciamento das pastas responsáveis. Claro que não é uma regra rígida a formação em área correlata, mas espera-se o conhecimento.

Segundo o site da Prefeitura, a Secretaria de Transportes e Serviços Gerais é responsável pela manutenção das praças da cidade. Lá está escrito:

A Secretaria de Transportes e Serviços Gerais tem como atribuição a ampliação e manutenção da iluminação pública e limpeza das vias de Passo Fundo.

Atua, ainda, na administração das praças, parques e jardins, na regulação e fiscalização dos serviços do transporte público de Passo Fundo, no que diz respeito a coletivos urbanos, táxis e transporte escolar.

Também é atribuição desta Secretaria o gerenciamento dos cemitérios públicos e capelas mortuárias.

O então prefeito eleito Pedro Almeida confiou a pasta para o seu coordenador de campanha e ex-vereador do Democratas, Patric Cavalcanti. Fora da política eleitoral, Patric estava como assessor de Onyx Lorenzoni em Brasília na época da campanha de 2020. O apoio oficial foi divulgado em 6 de outubro de 2020 e o anúncio da escolha para secretário logo no início de dezembro.

Patric: Vereador, ex-vereador, assessor de ministério, secretário da prefeitura, gerente em Hospital federal da capital. Já a praça ficou sem remédio.

Em setembro, Patric deixou a secretaria e foi trabalhar em Porto Alegre, na área de materiais do Grupo Hospitalar Conceição. Em seu lugar, o prefeito colocou Alexandre Mello, advogado e… ex-chefe de gabinete do vereador Patric! Nota-se que a pasta “é do DEM” e que faltam engenheiros no partido.

A secretaria que “cuida das praças” não é a primeira e nem será a última a ser moeda de troca em apoios políticos, em Passo Fundo ou em qualquer outra cidade brasileira. Isso só vai mudar quando os eleitores pararem de dar carta branca aos candidatos a prefeito, governador ou presidente e exigir ainda durante a campanha o anúncio de nomes para as secretarias ou ministérios, com a devida declaração de competência de cada um.

 

O remendão e as promessas: só esta “manutenção” realizada na praça em março já deveria ser atestado de incompetência e vergonha para o prefeito e subordinados. E ela está assim até hoje.

 

Além da lambança na gestão (culpa dos prefeitos), há um método nessas desgraças urbanas. Os responsáveis não dão a manutenção nos equipamentos públicos e puxam a corda até o limite. Na manutenção da obra que é de óbvia responsabilidade, divulgam o feito como se fossem heróis e salvadores do povo. Não é por nada que tantos vereadores mostram quantidades astronômicas de pedidos de providência ao Executivo como trabalhos hercúleos, ou recebem em seus gabinetes pessoas tentando um jeitinho ou intermediação para seus problemas causados pelo próprio prefeito.

Adendo

Há quem diga que a iniciativa privada pode tomar conta de importantes locais públicos. É fato, mas depende do olhar crítico da sociedade, com critério e controle. A experiência da Prefeitura com empresas para a reforma de praças aqui na cidade nem sempre dá certo, basta observar a qualidade de algumas intervenções como a realizada na Praça do HC. Longe da perfeição, este controle social do patrimônio público já foi tentado pela Associação de Moradores do Centro, a AMAC, na figura do José Rodrigo. Quase sempre sozinho ou com poucos amigos, chegou a passar algumas mãos de tinta na Cuia em tempos passados.

Mais Acessados

Sair da versão mobile