Passo Fundo

Quanto custam as academias ao ar livre em Passo Fundo?

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A instalação virou febre nos municípios, gerando votos para prefeitos e vereadores que “fazem o bem” para o povo.

As academias ao ar livre apareceram em Passo Fundo em 2011, ainda no governo Dipp, através de uma emenda parlamentar da deputada federal Maria do Rosário. Na época, foram cerca de R$ 110 mil com uma pequena contrapartida do município para a instalação de três academias (Gare, Antigo Quartel e Avenida Brasil, próximo ao Colégio Fagundes). O valor em dinheiro de hoje equivale a R$ 280 mil pelo IGP-M.

Prefeito Airton Dipp entregando academias em 2011. Foto: Prefeitura de Passo Fundo.

Mais academias foram sendo adquiridas e instaladas pela cidade nos anos seguintes. Gastamos R$ 245 mil em 2017 (aparelhos para o Bairro São Luiz Gonzaga, Bairro Santa Maria II, Bairro Nonoai, Bairro Planaltina, Parque da Gare, Bairro Cohab Secchi, Bairro Vera Cruz, Distrito de Bela Vista; Distrito de Bom Recreio e Praça Antonino Xavier), R$ 37 mil em 2019 (UBS Santo Antônio da Pedreira) e mais R$ 333 mil no mesmo ano (Bairro São Luiz Gonzaga, Bairro Santa Maria II, Bairro Planaltina, Bairro Vera Cruz, Distrito de Bela Vista, Distrito de Bom Recreio, Bairro Nonoai, Bairro Cohab Secchi, Bairro Berthier e Bairro 1° Centenário).

Academias ao ar livre não são exclusividade de Passo Fundo, mas essa “moda urbana” foi bem acolhida pelos nossos últimos 3 gestores. Em 2011, Airton Dipp argumentava que a entrega do equipamento era um ato muito importante, pois crianças, jovens e a terceira idade passariam a ter um espaço para atividade física e preservação da saúde.

Luciano Azevedo, muito mais esperto quando o assunto é promover as próprias ações, disparou em uma das entregas, em 2018:

“As academias são mais um incentivo para o cuidado com o corpo e a saúde, em especial para as pessoas que necessitam realizar exercícios e muitas vezes não têm condições financeiras de custear uma academia particular. Por isso, novas academias devem ser instaladas”.

Programas que “dão coisas se você não pode pagar” foram uma marca do governo socialista de Luciano. Caiu como uma luva.

Veja também: Eduardo Leite, absorventes e a memeficação da política.

E falando em academia particular, o sucessor de Luciano Azevedo, Pedro Almeida, promoveu o encontro dos dois mundos…

A academia dos pobres agora terá orientações especiais de uma das mais badaladas empresas do setor aqui da cidade. Vencendo uma licitação onde foi a única participante, a Guerton Academia dará orientações para os usuários em horários combinados, ao custo de R$ 50 mil dos cofres públicos. Segundo os documentos do processo licitatório, a Guerton conta com 10 profissionais formados em educação física com registro no Conselho Regional de Educação Física e 5 com experiência comprovada na área fitness, musculação e recreação. O arranjo faz parte do projeto “Passo Fundo em Movimento” e dará orientações em 5 academias ao ar livre e no Campo Fredolino Chimango, por 5 meses, renováveis por mais 2.

Você não é todo mundo

Prefeitos adoram imitar o que os coleguinhas de outras cidades estão fazendo, mas tem horas que o pagador de impostos tem que puxar a orelha do gestor e lembrar que ele não é todo mundo. Será que é realmente eficaz instalar estes ferros amarelos e azuis nas praças e esperar que as pessoas usem de forma adequada e constante, resultando realmente em mais saúde?

Dá para apostar 10 flexões que a prefeitura não tem muitos dados sobre o uso dos equipamentos, ou já teriam publicado números tirados da cartola, como aqueles sobre o “carbono retirado da atmosfera” com as bicicletas alugadas (outro moda).

Sem corrigir todos os valores já explicados ou adicionar manutenção e consultorias, vamos dizer que existe R$ 1 milhão em ferros nas nossas praças. Isso equivale, aproximadamente, a 15 mil mensalidades de academia (uns R$ 70,00 para uma vez por semana ou mais). Um bom projeto poderia pagar vouchers em academias condicionados ao compromisso do comparecimento por parte do beneficiário que comprovasse a situação financeira deficitária, mas a prefeitura prefere assumir o risco de gastar dinheiro em vão, com baixa adesão, uso incorreto (há cidades com acidentes relatados e responsabilização jurídica da prefeitura, confira aqui, aqui e aqui) ou mesmo deixar de buscar outra alternativa mais barata para incentivar a prática de atividade física “autônoma”.

As academias sofreram muito com os fechamentos causados pela pandemia aqui na cidade. Ironicamente, agora observam o poder público entrar como concorrente, oferecendo “aulões” gratuitos e orientação para aparelhos alternativos, bem diferentes daqueles disponíveis nestes estabelecimentos. 

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