Entre em contato

Nacionais

Toga não é faixa presidencial, muito menos coturno

Publicado

on

A despeito de sua histórica incompetência técnica e de sua vida política mafiosa, uma das maiores ameaças que Hillary Clinton representava para os Estados Unidos era a possibilidade de, uma vez na Casa Branca, converter a Suprema Corte Americana em um tribunal reformista. A morte do juiz conservador Antonin Scalia abria a possibilidade de o próximo Presidente eleito indicar seu substituto.

 Com uma composição equilibrada, tendo até então cinco integrantes de perfil conservador e quatro de perfil progressista, a nova nomeação poderia inverter a balança, dando para a esquerda a maioria dentro da casa. Isso possibilitaria a reinterpretação e relativização dos dispositivos da Constituição, uma vez que os magistrados progressistas atuam como militantes togados que subvertem o texto da lei em nome de suas idealizações.

 O ativismo jurídico é uma das mais eficientes armas da esquerda moderna. Como não encontram substrato social ou político para fazer valer suas diversas agendas dentro das regras do Estado de Direito, atalham o debate público e impõe as mudanças que entendem corretas por meio de sentenças que ignoram as regras acordadas democraticamente. O judiciário americano, e o brasileiro também, estão repletos de juízes que atuam desta maneira.

 Nos EUA, Barack Obama bem que tentou abrir um debate sobre a modificação do direito de portar armas, assegurado na Constituição do país em sua Segunda Emenda. A conversa não emplacou porque não havia apoio congressual para votar a matéria e nem maioria na Suprema Corte para forçar sua implementação.

 O sonho de Obama e Hillary era colocar um Luís Roberto Barroso no lugar de Antonin Scalia. Eles não tiveram a mesma sorte que os petistas. Durante seus mandatos presidenciais, Lula e Dilma Rousseff apinharam o Supremo Tribunal Federal de ativistas jurídicos. O resultado é que as pautas mais radicais do repertório socializante do PT, aquelas que não conseguem passar nem na Câmara dos Deputados e nem no Senado Federal, acabam sendo conduzidas pelos integrantes do Judiciário. Nem é preciso estar no poder para exercê-lo. Dia desses, lá estava Barroso a autorizar o aborto até o terceiro mês de gravidez, ainda que não haja previsão alguma na legislação brasileira para uma situação como essa. Com uma decisão ele conseguiu o que dezenas de parlamentares de esquerda e milhares de defensores da causa nunca conseguiram.

 Barroso é o líder intelectual de uma verdadeira bancada de Ministros que atuam exatamente como ele, ainda que sem o mesmo garbo. Com isso, o Tribunal que deveria resguardar a Constituição se transformou em seu carrasco. É longa a lista de decisões tomadas pelo STF que ignoram ou infringem diretamente os preceitos legais presentes na Carta Magna. Casos como o da desapropriação de Raposa Serra do Sol, aborto de fetos anencéfalos, casamento de pessoas do mesmo sexo, legalização do aborto até o terceiro mês de gravidez, Lei do Ficha Limpa, entre outros tantos que poderiam ser facilmente elencados aqui, jamais seriam respaldados se a maioria dos integrantes do STF se ativessem ao que está disposto na letra da lei.

 Vale ressaltar que o rito do Impeachment utilizado no processo de afastamento de Dilma foi inventado por Barroso. Na época, o Ministro entendeu ser correto um exame de admissibilidade do processo pelo Senado Federal. A Constituição e a Lei 1079/50 estabelecem que essa é uma prerrogativa da Câmara, e que cabe ao Senado apenas proceder o julgamento do Presidente. Os ativistas do STF, entretanto, preferiram entronizar na lei um procedimento não previsto por ela. Além disso, também entenderam que o afastamento do Presidente só poderia se dar depois do exame de admissibilidade feito pelo Senado. Novamente, a Constituição e a Lei 1079/50 foram desrespeitados, já que estabelecem que o afastamento se dá depois do exame de admissibilidade feito exclusivamente pela Câmara, como ocorreu com Fernando Collor de Mello.

Já disse no “Confronto”, programa que ancoro na rádio Sonora FM, que um Judiciário de ativistas pode ser muito mais danoso para a democracia do que uma classe política de corruptos. Políticos corruptos precisam ao menos prestar contas de suas posições para os eleitores, juízes nem isso. O epicentro de nossa crise de segurança jurídica é o STF, que desde muito tempo vem cassando as prerrogativas de outros poderes, legislando e executando sem nenhum freio ou contrapeso. Tornou-se um pseudo-poder moderador. Estamos em um ambiente onde alguns Ministros confundem a toga com a faixa presidencial e outros  até com o coturno.

Nota complementar: Este texto era a primeira parte de um artigo maior que escrevi sobre o caso do afastamento de Aécio Neves. Em virtude do tamanho que estava tomando, optei por desmembrá-lo. Assume aqui a forma de introdução ao tema central. Em breve publicarei a parte dois.

Continue Lendo

Nacionais

A instabilidade emocional é o custo imediato da democracia

Publicado

on

Dom Beltrand, numa palestra em Caçapava/SP, em 1992, à Fundação Nacional do Tropeirismo, falou de estudos que mostram os efeitos nocivos da democracia para a população têm o mesmo efeito daqueles sobre os filhos que são criados em núcleos familiares instáveis, com brigas, insultos, violência. A alternância democrática, a cada quatro anos, causa feridas que, logo quando sanadas, voltam a se formar.

Quando assisti ao vídeo acima, poucos anos atrás, esse argumento pareceu bastante sensato. Em 2018, por exemplo, quantos foram aqueles que, aos prantos, ficaram horrorizados com a vitória de Bolsonaro: homossexuais diziam que seriam perseguidos, feministas temiam o recrudescimento da violência contra a mulher, corruptos apavorados com presas. Por todos os lados, uma choradeira democrática sem precedentes. Todos esses temores, obviamente, não se confirmaram.

Agora, o cenário é outro. Lula candidato é como aquele sujeito que vai a uma festa somente para importunar aqueles que querem se divertir. Sua presença nas eleições é sinônimo de algazarra. A esquerda gosta dessa bagunça, da agitação, da insegurança, do terror. Lula visita traficantes, justifica pequenos furtos de delinquentes, promete abertamente caçar os seus opositores, se restar vitorioso. A direita e os conservadores que se preparem.

Numa recente entrevista de Leonardo Boff, um esquerdista da velha guarda que se posta como líder espiritual, afirmou com todas as letras que conversa seguidamente com Lula e que o discurso do descondenado é moderado. Sim, “moderado”. Se ele vencer, de acordo com Boff, o bicho vai pegar. Eles falam isso abertamente e muita gente custa acreditar.

A democracia nos custa, a cada dois anos (levando em consideração as eleições municipais), muitas noites de sono. Ponto para Dom Beltrand. Mesmo que Lula perca, a dor de cabeça foi muito grande.

Continue Lendo

Nacionais

Eva Lorenzato: “No Brasil e no mundo, as pessoas reconhecem o trabalho do PT”. Tchequinho não poupa

Publicado

on

Já se passou o tempo em que defender ex-presidiários era sinal de imoralidade. Eva Lorenzato é uma amostra destes tempos

Lula esteve na Europa recentemente. A agenda incluiu o presidente da França, Emmanuel Macron, o futuro chanceler alemão Olaf Schulz, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que disputará as eleições presidenciais francesas, o ex-premiê da Espanha José Luís Zapatero e o prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz. Na Espanha,  com o atual premiê espanhol, Pedro Sánchez.

Em Madri, Lula participou na quinta, 18, da abertura de um seminário de cooperação multilateral e recuperação em um cenário pós-Covid-19. Na ocasião, defendeu a quebra de patentes de vacinas para ampliar a igualdade no acesso aos imunizantes.

Em Paris, o ex-presidente foi recebido no Palácio do Eliseu com honras de chefe de Estado por Macron, um desafeto de Bolsonaro. Ao francês, Lula defendeu uma nova governança global e discutiu ameaças à democracia e aos direitos humanos. E por aí vai…

Eva Lorenzato (PT) não perdeu a oportunidade de enaltecer a participação do ex-presidente no cenário europeu. Para ela, o mundo inteiro reconhece o trabalho do Partido dos Trabalhadores e do PT: “Muito orgulho nós temos do estadista que Lula está sendo”. Veja:

Tchequinho (PSC), que não poupa críticas para se referir ao ex-presidente: “Ficou 16 anos saqueando o Brasil, e agora fica dando palestra dizendo que vai resolver os problemas do país”. Veja:

Continue Lendo

Nacionais

Candeia critica fala de Toffoli sobre Poder Moderador e semipresidencialismo no Brasil

Publicado

on

Durante o 9.º Fórum Jurídico de Lisboa, o ex-presidente do Supremo afirmou que hoje o Brasil vive um “semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo Supremo Tribunal Federal. Basta verificar todo esse período da pandemia”. O evento foi organizado pelo supremo magistrado Gilmar Mendes.

Para Candeia, essa afirmação é o mesmo que dizer que houve uma mudança constitucional sem a participação do Congresso Nacional. Veja:

Continue Lendo

Mais Acessados

Copyright © 2021. Lócus Online.