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A frustração de Chico Pinheiro com os pobres

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O jornalista Chico Pinheiro, o maior concorrente do Louro José nas manhãs da Rede Globo, usou sua conta no Twitter para sentenciar: “Pobre de direita é burro”. Ele não se deu ao trabalho de dar maiores explicações. Poderia ter feito outras postagens para apresentar algumas das premissas que o levaram a essa conclusão. Como não o fez, me dou ao trabalho de examinar a frase e o que levou Chico Pinheiro a escrevê-la.

No dicionário da sociologia de esquerda,  a palavra “pobre” tem o significado de um constructo ideológico. Pobre seria o mesmo que oprimido, que explorado, que marginalizado. Seria, portanto, o resultado necessário de um sistema que o coloca à margem. A origem desse raciocínio é o velho ideário marxista proponente da luta de classes: o pobres versus ricos. Não deixa de ser uma simplificação pueril do proletários versus burgueses, utilizado em livros como “O Manifesto Comunista” e “O Capital”.

A verdade é que os pobres jamais ligaram para as ideias e os conceitos marxistas. Não porque não tenham lido Karl Marx, mas porque Karl Marx errou miseravelmente quando os descreveu. O pobre e o proletário não veem o rico e o burguês como antagonistas históricos, mas como espelhos e inspiradores. Silvio Santos que o diga. O pobre e o proletário não aspiram se apropriar dos “meios de produção”, mas sim serem proprietários de seus próprios meios. Querem evoluir, ter posses, subir na carreira, ganhar mais, viajar, adquirir bens de consumo, entre outras ambições. Como diria Joãosinho Trinta, “quem gosta de miséria é intelectual, o povo gosta de luxo”. Com uma tirada, o carnavalesco refutou mais de um século de comunismo.

A ideia mesma de luta classes é, ironicamente, de origem burguesa. Karl Marx, seu formulador, era filho de advogado e na vida adulta foi bancado por um mecenas industrial, Fiedrich Engels. Não, Marx não formulou o Materialismo Dialético nos intervalos do chão de fábrica, mas confortavelmente sentado na poltrona de sua casa.

Os caudatários contemporâneos da tradição marxista são os integrantes da elite. Gente com a conta bancária tão cheia quanto suas cabeças são cheias de culpa. É aquele pessoal do mundo artístico, das universidades de humanas, das rodas de viola da boêmia, dos condomínios de bairros nobres onde herdeiros de profissionais liberais bem sucedidos se juntam para fumar maconha. São eles que, do alto de suas boas vidas, enxergam uma maldade inerente na forma como a humanidade se organiza. Convencionaram que tudo o que de ruim existe é oriundo do capitalismo, e que este seria a urdidura mais engenhosa de uma coisa um tanto abstrata que eles denominam como “direita”.

A direita teceria seus fios para aniquilar os desamparados, submetendo-os à sua vontade. É por isso que na cabeça de um Chico Pinheiro, pobre nenhum, em sã consciência, poderia se declarar direitista. Onde já se viu a vítima simpatizar com o carrasco? Mas o que é ser direitista? É possível dizer que o “Zé Povão” tem uma consciência minimamente ideológica?

O brasileiro médio não sabe o que é ser de direita ou de esquerda. Sabe o que é pegar ônibus, sabe o que é pagar a conta de luz e do IPTU, sabe o que é ser assaltado quando está voltando para casa. O brasileiro médio nunca ouviu falar de Karl Marx e nem de Adam Smith, mas vai à missa todo domingo e reza de pé junto para que seus familiares cheguem vivos em casa.

De modo que a grande maioria dos brasileiros, por desejarem bens materiais, desejarem ordem e serem religiosos, podem ser considerados conservadores. Não é um conservadorismo político, mas um conservadorismo moral, profundamente ligado aos aspectos da vida cotidiana.

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E isso não é de modo algum ser “burro”. O intelectual progressista, seja ele ator, jornalista ou professor universitário, tem uma incompreensão absoluta, isso quando não tem nojo absoluto, do que passa na cabeça de uma dona de casa, no que pensa o taxista que dirige pela Linha Vermelha no Rio de Janeiro, no que desejam as diaristas que moram na favela e precisam andar em meio aos tiroteios de facções criminosas rivais.

É evidente a frustração que a elite da qual Chico Pinheiro faz parte tem em relação ao povão. O povão é profundamente trabalhador, profundamente ambicioso, profundamente crente e profundamente antipático aos assaltantes. E sendo assim, não cabe nas descrições ideológicas pré-moldadas e influentes. Chico Pinheiro pode sentenciar a vontade, mas o fato é que o pobre de carne e osso não pensa como ele, nem é do jeito que ele gostaria que fosse.

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A instabilidade emocional é o custo imediato da democracia

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Dom Beltrand, numa palestra em Caçapava/SP, em 1992, à Fundação Nacional do Tropeirismo, falou de estudos que mostram os efeitos nocivos da democracia para a população têm o mesmo efeito daqueles sobre os filhos que são criados em núcleos familiares instáveis, com brigas, insultos, violência. A alternância democrática, a cada quatro anos, causa feridas que, logo quando sanadas, voltam a se formar.

Quando assisti ao vídeo acima, poucos anos atrás, esse argumento pareceu bastante sensato. Em 2018, por exemplo, quantos foram aqueles que, aos prantos, ficaram horrorizados com a vitória de Bolsonaro: homossexuais diziam que seriam perseguidos, feministas temiam o recrudescimento da violência contra a mulher, corruptos apavorados com presas. Por todos os lados, uma choradeira democrática sem precedentes. Todos esses temores, obviamente, não se confirmaram.

Agora, o cenário é outro. Lula candidato é como aquele sujeito que vai a uma festa somente para importunar aqueles que querem se divertir. Sua presença nas eleições é sinônimo de algazarra. A esquerda gosta dessa bagunça, da agitação, da insegurança, do terror. Lula visita traficantes, justifica pequenos furtos de delinquentes, promete abertamente caçar os seus opositores, se restar vitorioso. A direita e os conservadores que se preparem.

Numa recente entrevista de Leonardo Boff, um esquerdista da velha guarda que se posta como líder espiritual, afirmou com todas as letras que conversa seguidamente com Lula e que o discurso do descondenado é moderado. Sim, “moderado”. Se ele vencer, de acordo com Boff, o bicho vai pegar. Eles falam isso abertamente e muita gente custa acreditar.

A democracia nos custa, a cada dois anos (levando em consideração as eleições municipais), muitas noites de sono. Ponto para Dom Beltrand. Mesmo que Lula perca, a dor de cabeça foi muito grande.

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Eva Lorenzato: “No Brasil e no mundo, as pessoas reconhecem o trabalho do PT”. Tchequinho não poupa

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Já se passou o tempo em que defender ex-presidiários era sinal de imoralidade. Eva Lorenzato é uma amostra destes tempos

Lula esteve na Europa recentemente. A agenda incluiu o presidente da França, Emmanuel Macron, o futuro chanceler alemão Olaf Schulz, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que disputará as eleições presidenciais francesas, o ex-premiê da Espanha José Luís Zapatero e o prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz. Na Espanha,  com o atual premiê espanhol, Pedro Sánchez.

Em Madri, Lula participou na quinta, 18, da abertura de um seminário de cooperação multilateral e recuperação em um cenário pós-Covid-19. Na ocasião, defendeu a quebra de patentes de vacinas para ampliar a igualdade no acesso aos imunizantes.

Em Paris, o ex-presidente foi recebido no Palácio do Eliseu com honras de chefe de Estado por Macron, um desafeto de Bolsonaro. Ao francês, Lula defendeu uma nova governança global e discutiu ameaças à democracia e aos direitos humanos. E por aí vai…

Eva Lorenzato (PT) não perdeu a oportunidade de enaltecer a participação do ex-presidente no cenário europeu. Para ela, o mundo inteiro reconhece o trabalho do Partido dos Trabalhadores e do PT: “Muito orgulho nós temos do estadista que Lula está sendo”. Veja:

Tchequinho (PSC), que não poupa críticas para se referir ao ex-presidente: “Ficou 16 anos saqueando o Brasil, e agora fica dando palestra dizendo que vai resolver os problemas do país”. Veja:

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Candeia critica fala de Toffoli sobre Poder Moderador e semipresidencialismo no Brasil

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Durante o 9.º Fórum Jurídico de Lisboa, o ex-presidente do Supremo afirmou que hoje o Brasil vive um “semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo Supremo Tribunal Federal. Basta verificar todo esse período da pandemia”. O evento foi organizado pelo supremo magistrado Gilmar Mendes.

Para Candeia, essa afirmação é o mesmo que dizer que houve uma mudança constitucional sem a participação do Congresso Nacional. Veja:

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