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O caso Aécio é diferente do de Delcídio, e tratá-lo assim não é ter bandido de estimação

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No primeiro artigo que escrevi sobre o caso Aécio Neves, afirmei que o eleitorado do tucano, formado por muitos conservadores e liberais, era continuamente desafiado a reafirmar sua defesa intrínseca da ética, já que era esse conjunto de pessoas que cobrava a punição dos líderes do PT envolvidos na Lava Jato. Desta maneira, sendo Aécio alvo de denúncias por parte do Ministério Público Federal, o tratamento que eles deveriam dar para o tucano só poderia ser o mesmo.

Chamei a coisa de armadilha moralista. Seguem dois trechos:

“Inebriada pela sanha punitiva, parte da direita se apressou em condenar Aécio por antecipação, ainda que nem réu ele de fato seja. Alguns, mais exasperados, chegaram a declarar publicamente o arrependimento de ter votado em Aécio. Tudo para poder bater no peito, em direção aos petistas, e dizer: ‘não tenho bandido de estimação!’.”

(…)

“A todo momento o eleitorado conservador é desafiado por eles a reafirmar sua defesa intrínseca da ética. De bom grado, cabeças são entregues, ainda que contra elas possam pesar denúncias frágeis. Ao invés de aplaudir os direitistas pela sua coerência moral, os esquerdistas apenas reforçam seu desafio, exigindo mais cabeças em um círculo vicioso insano.” 

A repercussão da sessão do Senado Federal que resultou na devolução do mandato de Aécio Neves mostrou que, para deleite da esquerda, todos caíram na armadilha moralista. Não se deliberou sobre a culpabilidade do referido senador, mas sim se o Supremo Tribunal Federal pode afastar um parlamentar, mesmo que descumprindo o que está na Constituição e no Código de Processo Penal.

O alarido das redes sociais, entretanto, foi intoxicado pelo pré-julgamento. Para muitos, o Senado deveria aceitar a decisão da Justiça e pronto, deixando de lado qualquer possibilidade de defesa de Aécio, que nem réu é. Quem se importa com o art. 53, § 2 da CF? O que importa é punir, punir e punir. Todo o resto é corporativismo, privilégio e impunidade.

Ao mesmo tempo, petistas e seus satélites na esquerda radical apostavam na confusão proposital. Estabeleciam comparativos absurdos, como o caso do Senador Delcídio do Amaral, que foi preso no curso de seu mandato com autorização da mesma casa legislativa que devolveu Aécio às suas atividades.

Aécio Neves foi de fato grampeado em conversas telefônicas com Joesley Batista, mas nada do que foi captado se enquadrava na categoria de flagrante delito, como o que acabou acontecendo com Delcídio. O então Senador petista havia sido gravado tramando uma rota de fuga para o delator Nestor Cerveró. Foi flagrado praticando uma ação criminosa que só foi interrompida pela revelação do áudio. Enquanto Aécio não se enquadrava no art. 53, § 2 da CF, ao contrário de Delcídio.

O afastamento de Aécio pelo STF era uma decisão arbitrária, fruto do ativismo jurídico de parcela considerável dos membros da Corte. Defender sua recondução para o cargo não é advogar em favor da impunidade, mas defender o equilíbrio dos Poderes e a soberania do Legislativo. Seguir a lei, para punir ou não, não é ter bandido de estimação.

Nota complementar: Este texto era a terceira e última parte de um artigo maior que escrevi sobre o caso do afastamento de Aécio Neves. Seguem as partes anteriores:

Parte 1: Toga não é faixa presidencial, muito menos coturno

Parte 2: O caso Aécio Neves: o moralismo como alimento do baguncismo

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A instabilidade emocional é o custo imediato da democracia

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Dom Beltrand, numa palestra em Caçapava/SP, em 1992, à Fundação Nacional do Tropeirismo, falou de estudos que mostram os efeitos nocivos da democracia para a população têm o mesmo efeito daqueles sobre os filhos que são criados em núcleos familiares instáveis, com brigas, insultos, violência. A alternância democrática, a cada quatro anos, causa feridas que, logo quando sanadas, voltam a se formar.

Quando assisti ao vídeo acima, poucos anos atrás, esse argumento pareceu bastante sensato. Em 2018, por exemplo, quantos foram aqueles que, aos prantos, ficaram horrorizados com a vitória de Bolsonaro: homossexuais diziam que seriam perseguidos, feministas temiam o recrudescimento da violência contra a mulher, corruptos apavorados com presas. Por todos os lados, uma choradeira democrática sem precedentes. Todos esses temores, obviamente, não se confirmaram.

Agora, o cenário é outro. Lula candidato é como aquele sujeito que vai a uma festa somente para importunar aqueles que querem se divertir. Sua presença nas eleições é sinônimo de algazarra. A esquerda gosta dessa bagunça, da agitação, da insegurança, do terror. Lula visita traficantes, justifica pequenos furtos de delinquentes, promete abertamente caçar os seus opositores, se restar vitorioso. A direita e os conservadores que se preparem.

Numa recente entrevista de Leonardo Boff, um esquerdista da velha guarda que se posta como líder espiritual, afirmou com todas as letras que conversa seguidamente com Lula e que o discurso do descondenado é moderado. Sim, “moderado”. Se ele vencer, de acordo com Boff, o bicho vai pegar. Eles falam isso abertamente e muita gente custa acreditar.

A democracia nos custa, a cada dois anos (levando em consideração as eleições municipais), muitas noites de sono. Ponto para Dom Beltrand. Mesmo que Lula perca, a dor de cabeça foi muito grande.

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Eva Lorenzato: “No Brasil e no mundo, as pessoas reconhecem o trabalho do PT”. Tchequinho não poupa

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Já se passou o tempo em que defender ex-presidiários era sinal de imoralidade. Eva Lorenzato é uma amostra destes tempos

Lula esteve na Europa recentemente. A agenda incluiu o presidente da França, Emmanuel Macron, o futuro chanceler alemão Olaf Schulz, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que disputará as eleições presidenciais francesas, o ex-premiê da Espanha José Luís Zapatero e o prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz. Na Espanha,  com o atual premiê espanhol, Pedro Sánchez.

Em Madri, Lula participou na quinta, 18, da abertura de um seminário de cooperação multilateral e recuperação em um cenário pós-Covid-19. Na ocasião, defendeu a quebra de patentes de vacinas para ampliar a igualdade no acesso aos imunizantes.

Em Paris, o ex-presidente foi recebido no Palácio do Eliseu com honras de chefe de Estado por Macron, um desafeto de Bolsonaro. Ao francês, Lula defendeu uma nova governança global e discutiu ameaças à democracia e aos direitos humanos. E por aí vai…

Eva Lorenzato (PT) não perdeu a oportunidade de enaltecer a participação do ex-presidente no cenário europeu. Para ela, o mundo inteiro reconhece o trabalho do Partido dos Trabalhadores e do PT: “Muito orgulho nós temos do estadista que Lula está sendo”. Veja:

Tchequinho (PSC), que não poupa críticas para se referir ao ex-presidente: “Ficou 16 anos saqueando o Brasil, e agora fica dando palestra dizendo que vai resolver os problemas do país”. Veja:

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Candeia critica fala de Toffoli sobre Poder Moderador e semipresidencialismo no Brasil

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Durante o 9.º Fórum Jurídico de Lisboa, o ex-presidente do Supremo afirmou que hoje o Brasil vive um “semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo Supremo Tribunal Federal. Basta verificar todo esse período da pandemia”. O evento foi organizado pelo supremo magistrado Gilmar Mendes.

Para Candeia, essa afirmação é o mesmo que dizer que houve uma mudança constitucional sem a participação do Congresso Nacional. Veja:

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