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O Datafolha mostra que os brasileiros não apenas gostam dos elefantes do governo como amam carregá-los nas costas

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Não adianta desacreditar os números do Datafolha sobre a opinião dos brasileiros em relação à privatização de empresas públicas. O levantamento feito pelo instituto apenas comprova um fato histórico: nosso povo é profundamente apaixonado pelo Estado, ainda que seja ele o causador de todas as nossas mazelas.

Esse fenômeno já foi esmiuçado em dois livros: “A cabeça do brasileiro”, de Alberto Carlos Almeida, e “Pare de acreditar no governo”, do meu amigo Bruno Garschagen. De modo que não há nada de novo no front. Além de gostar dos elefantes do governo, gostamos de carregá-los nas costas.

Segundo os números divulgados no jornal Folha de São Paulo, sete em cada dez brasileiros se opõe às privatizações. A posição independe de região, sexo, escolaridade e preferência partidária. O único cenário em que isso muda é entre os pesquisados com renda superior a dez salários mínimos.

Quando o assunto é privatização da Petrobras, 70% se disseram contrários. O índice é maior do que o observado em 2015, quando o Datafolha também questionou a posição dos entrevistados sobre o tema. Na época, 61% se opunham à venda da empresa.

Parte da direita é culpada direta pela situação. Inebriada pela sanha moralista da Lava Jato e de seus expoentes no Ministério Público, aderiu a um discurso que colocou de lado a diminuição do Estado como prioridade para o combate à corrupção e à ineficiência. Preferiu fazer coro às propostas populistas, ilegais e que, com sua implementação, aumentariam ainda mais a presença do governo na vida das pessoas.

Meu amigo Reinaldo Azevedo pontuou bem em seu blog:

“Deveria ser elementar, mas não é: à medida que se veem os políticos e a política como meras forças de assalto a um Estado que, sem esses malvados, seria virtuoso, o que se faz é ignorar a natureza primária desse estado, que é espoliador desde a sua gênese, já na sua concepção. Ainda que todos os políticos brasileiros fossem santos, lá estaria a máquina geradora de ineficiências.”

Em setembro, advertia aqui no Lócus que o problema não era o sistema político, como tanto falavam os integrantes da Lava Jato, mas o estatismo em si:

No Brasil, impera o pensamento mágico de que novas legislações, novos modelos e mais órgãos de controle resolverão os problemas éticos. Ficamos na abstração e ignoramos a realidade. Legislação, modelo ou órgão algum dará conta do que na base é puro excesso de Estado. Os moralistas influentes, entretanto, querem mais Estado para combater os vícios do Estado. Teremos apenas mais corrupção e ineficiência. É a idiotia ingênua dos sonhadores servindo aos criminosos perspicazes.”

Depois do “Petrolão”, o esquema de corrupção que escancarou a instrumentalização das empresas estatais em nome de um projeto de poder e dos interesses particulares de agentes políticos, deveria ser natural aumentar o apoio à privatização por parte da população. De certo modo, o resultado da eleição municipal de 2016 trazia um pouco disso: partidos de esquerda como o PT sofreram revezes históricos e candidatos com agendas liberalizantes se sagraram vencedores com amplas votações. Agora, em 2017, Lula, aquele que melhor encarna o estatismo e o compadrio, lidera em todos os cenários eleitorais para a disputa presidencial. O que aconteceu nesse espaço tão curto de tempo?

A Lava Jato, por meio dos discursos de suas figuras mais influentes, acabou jogando o Brasil para a esquerda, ainda que tenha sido a esquerda a afundar o país. A defesa da “coisa pública” voltou a ganhar força quando o que deveria pautar o debate nacional é a redução da “coisa pública”.

O resultado da pesquisa é um desastre político, social e econômico. Representa a falência do discurso liberalizante no país. O pior é que isso se dá em meio a uma oportunidade de ouro para se conscientizar o povo de que a presença do Estado na economia é um obstáculo ao desenvolvimento de todos.

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A instabilidade emocional é o custo imediato da democracia

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Dom Beltrand, numa palestra em Caçapava/SP, em 1992, à Fundação Nacional do Tropeirismo, falou de estudos que mostram os efeitos nocivos da democracia para a população têm o mesmo efeito daqueles sobre os filhos que são criados em núcleos familiares instáveis, com brigas, insultos, violência. A alternância democrática, a cada quatro anos, causa feridas que, logo quando sanadas, voltam a se formar.

Quando assisti ao vídeo acima, poucos anos atrás, esse argumento pareceu bastante sensato. Em 2018, por exemplo, quantos foram aqueles que, aos prantos, ficaram horrorizados com a vitória de Bolsonaro: homossexuais diziam que seriam perseguidos, feministas temiam o recrudescimento da violência contra a mulher, corruptos apavorados com presas. Por todos os lados, uma choradeira democrática sem precedentes. Todos esses temores, obviamente, não se confirmaram.

Agora, o cenário é outro. Lula candidato é como aquele sujeito que vai a uma festa somente para importunar aqueles que querem se divertir. Sua presença nas eleições é sinônimo de algazarra. A esquerda gosta dessa bagunça, da agitação, da insegurança, do terror. Lula visita traficantes, justifica pequenos furtos de delinquentes, promete abertamente caçar os seus opositores, se restar vitorioso. A direita e os conservadores que se preparem.

Numa recente entrevista de Leonardo Boff, um esquerdista da velha guarda que se posta como líder espiritual, afirmou com todas as letras que conversa seguidamente com Lula e que o discurso do descondenado é moderado. Sim, “moderado”. Se ele vencer, de acordo com Boff, o bicho vai pegar. Eles falam isso abertamente e muita gente custa acreditar.

A democracia nos custa, a cada dois anos (levando em consideração as eleições municipais), muitas noites de sono. Ponto para Dom Beltrand. Mesmo que Lula perca, a dor de cabeça foi muito grande.

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Eva Lorenzato: “No Brasil e no mundo, as pessoas reconhecem o trabalho do PT”. Tchequinho não poupa

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Já se passou o tempo em que defender ex-presidiários era sinal de imoralidade. Eva Lorenzato é uma amostra destes tempos

Lula esteve na Europa recentemente. A agenda incluiu o presidente da França, Emmanuel Macron, o futuro chanceler alemão Olaf Schulz, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que disputará as eleições presidenciais francesas, o ex-premiê da Espanha José Luís Zapatero e o prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz. Na Espanha,  com o atual premiê espanhol, Pedro Sánchez.

Em Madri, Lula participou na quinta, 18, da abertura de um seminário de cooperação multilateral e recuperação em um cenário pós-Covid-19. Na ocasião, defendeu a quebra de patentes de vacinas para ampliar a igualdade no acesso aos imunizantes.

Em Paris, o ex-presidente foi recebido no Palácio do Eliseu com honras de chefe de Estado por Macron, um desafeto de Bolsonaro. Ao francês, Lula defendeu uma nova governança global e discutiu ameaças à democracia e aos direitos humanos. E por aí vai…

Eva Lorenzato (PT) não perdeu a oportunidade de enaltecer a participação do ex-presidente no cenário europeu. Para ela, o mundo inteiro reconhece o trabalho do Partido dos Trabalhadores e do PT: “Muito orgulho nós temos do estadista que Lula está sendo”. Veja:

Tchequinho (PSC), que não poupa críticas para se referir ao ex-presidente: “Ficou 16 anos saqueando o Brasil, e agora fica dando palestra dizendo que vai resolver os problemas do país”. Veja:

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Candeia critica fala de Toffoli sobre Poder Moderador e semipresidencialismo no Brasil

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Durante o 9.º Fórum Jurídico de Lisboa, o ex-presidente do Supremo afirmou que hoje o Brasil vive um “semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo Supremo Tribunal Federal. Basta verificar todo esse período da pandemia”. O evento foi organizado pelo supremo magistrado Gilmar Mendes.

Para Candeia, essa afirmação é o mesmo que dizer que houve uma mudança constitucional sem a participação do Congresso Nacional. Veja:

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