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Eduardo Leite, Mateus Wesp, Unesco e Ideologia de Gênero: o que está por trás deste acordo?

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Parceria do Governo RS com agência da ONU quer enfrentar a AIDS no Estado, mas pode estar colocando a raposa para cuidar do galinheiro

O governo gaúcho lançou um programa de cooperação com a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – para lidar com o problema da AIDS no segmento jovem da população no Estado. O nome é pomposo: Projeto Tecnologias Sociais Inovadoras de Educação e Saúde para a Prevenção de IST/AIDS em jovens no Rio Grande do Sul. Na base, consultoria para prefeituras e secretarias no tema sexualidade.

O lançamento da parceria foi realizado em cerimônia no Palácio Piratini no dia 10 de fevereiro. Rapidamente, o arranjo foi duramente criticado nas redes sociais por segmentos que suspeitam que o conteúdo gerado pela UNESCO possa ser de alguma forma um indutor da ideologia de gênero em nossos jovens.

Uma das críticas veio rapidamente do blog do jornalista Políbio Braga, no dia do anúncio oficial. O texto “Governo do RS contrata Unesco para defender ideologia de gênero nas escolas públicas do Estado” atacou o projeto e alegou ter dados da secretaria da Saúde que demonstram que o problema não está nas escolas, mas na permissividade social, com incidência geométrica nas regiões de maior criminalidade do Estado. Mais tarde, a postagem seria replicada pelo site RS Agora e transformada em postagem de facebook no formato de imagem com centenas de compartilhamentos de diversas origens e versões.

 


Imagem com texto que rodou no Facebook, com diversos autores e compartilhamentos (a ferramenta procura do site entrega várias postagens com os termos “Eduardo Leite” e “Gênero”).

O PSDB não gostou

A Bancada do PSDB na Assembleia não gostou da repercussão e soltou uma nota assinada por todos os deputados através do Instagram no dia 11/2. Preste atenção ao conteúdo:

NOTA DA BANCADA DO PSDB

Nesta semana, o Governo do Estado celebrou um importante convênio com a UNESCO, buscando implementar uma sólida política de prevenção à AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis. Levantou-se uma polêmica quanto ao eventual risco de que esse programa seja utilizado como vetor para introduzir a ideologia de gênero em nosso sistema educacional. Não é isso, porém, o que prevê o documento.

Uma leitura atenta do protocolo firmado com a UNESCO é o suficiente para ver que se trata de um documento técnico, que prevê uma série de ações coordenadas entre as áreas da saúde e da educação, nenhuma delas impondo a ideologia de gênero em nosso Estado. Trata-se, isso sim, de atacar com método e seriedade um problema grave de saúde pública do RS: o nosso Estado tem uma taxa de detecção de HIV de 27,2 pessoas para cada 100 mil habitantes, contra uma média nacional de 17,8.

Lamentamos que temas relacionados à saúde pública sejam tratados de forma irresponsável, e, diante disso, a bancada do PSDB na Assembleia Legislativa reafirma seu compromisso com a defesa da família, conforme reconhecem o Art. 226, §5°, da Constituição Federal e o Art. XVI da Declaração dos Direitos Humanos da ONU. É sob essa ótica que se deve ler o termo “gênero”, caso se insista em utiliza-lo: ele se refere ao homem ou à mulher; diferentes, mas dotados de igual dignidade.

Porto Alegre, 11 de fevereiro de 2020.

Deputado Estadual Mateus Wesp
Líder da Bancada do PSDB na Assembleia Legislativa

Deputado Estadual Pedro Pereira
Vice-líder da Bancada do PSDB na Assembleia Legislativa

Deputado Estadual Luiz Henrique Viana

Deputada Estadual Zilá Breitenbach

A nota do PSDB (que também é o partido do governador) coloca panos quentes na inquietação dos críticos e ainda dá um carteiraço intelectual, dizendo que a verdade estaria em uma leitura atenta ao documento do protocolo firmado com a UNESCO. Em nenhum momento o texto dá links para o documento do acordo e ainda diz que o assunto está sendo tratado de forma irresponsável por quem reclama. A nota oficial é um exemplo de defesa a qualquer custo das atividades do governo, matando o bom senso.

O deputado Mateus Wesp foi além

O deputado de Passo Fundo também gravou um vídeo em defesa do governo e do acordo com a UNESCO, ampliando indevidamente a questão. Na peça – publicada em seu perfil do facebook com requintes gráficos – gasta o primeiro minuto apresentando o projeto e dando números sobre a AIDS no Rio Grande do Sul, para posteriormente atacar ferozmente os críticos.

Destaque do vídeo produzido pelo deputado Mateus Wesp.

Mateus cita Drauzio Varella para dizer que a burrice é ousada, no caso das pessoas que teimam contra a ciência, e que a patrulha ideológica que antes era exercida pela esquerda agora se movimenta no sentido da “extrema-direita”, dos radicais que berram “Perigo Comunista”, taxando qualquer diálogo ou manifestação do PSDB como de esquerda ou de socialistas, “como se fossemos o PT de Terno”, reclama o deputado.

“A patrulha ideológica se levantou novamente esta semana para atacar o PSDB e este programa do Governo do Estado com a UNESCO mentindo descaradamente que estaríamos introduzindo ideologia de gênero nas escolas”.

O vídeo tem quase 9 minutos de duração e você pode assistir neste link.

Quando vereador em Passo Fundo, o hoje deputado Mateus Wesp era um firme combatente contra a ideologia de gênero nas escolas, com grande participação nos debates sobre o Plano Municipal de Educação e calorosos pronunciamentos na tribuna. Hoje, para defender o governador Eduardo Leite, usa frases de Drauzio Varella e chama os críticos de burros.

A ironia da coisa é que o médico da TV tem verdadeiro horror ao termo “ideologia de gênero”. Em um dos seus vídeos no Youtube, dedicou duras palavras – vejam só – aos políticos que lidam com o tema:

“Quem é heterossexual, é. Homossexual, é. E acabou. É dessa forma que as coisas acontecem. Aí o que fazem alguns políticos? Eles pensam assim: bom, eu… a sociedade, a população não conhece, não tem esses dados, não têm formação científica para entender esta explicação que eu acabei de dar. Então o que eu vou fazer? Vou dizer assim: eu sou defensor da família brasileira. Eu não quero que falem da homossexualidade porque o seu filho poderá virar homossexual. Isso é uma gente mal-intencionada. Eles são malandros… eles querem fazer de um jeito que pareça que dessa forma eles estão defendendo a família brasileira. Só que eles esquecem o seguinte: que dessa forma eles estão alimentando preconceito contra os homossexuais.”.

Não vamos aqui discutir a qualidade das ideias defendidas pelo doutor Drauzio no vídeo, mas fica evidente que o deputado Wesp precisa escolher melhor os seus frasistas, para não cair no ridículo.

Não é loucura questionar o programa de cooperação entre a UNESCO e o Governo RS

Nós usamos a Lei de Acesso à Informação para solicitar uma cópia do documento assinado entre as partes no evento de lançamento do programa. O Governo respondeu dentro do prazo legal com pdf contendo informações parciais, 10 páginas que são parte de um documento maior (o pdf inicia na página 29) dentro da seção “L. Contexto Legal”.

Objetivos e resultados esperados.

As 3 partes que assinam o documento são Arita Bergmann (Secretária de Saúde do RS) pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul – SES/RS (responsável pela execução das ações decorrentes do programa), o Embaixador Ruy Carlos Pereira da Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (acompanhamento da execução) e Marlova Jovchelovitch Noleto pela própria UNESCO, também executora.

O “Contexto Legal” enviado pelo governo gaúcho apenas descreve as partes e objetivos, resultados esperados e responsabilidades genéricas, além da operacionalização financeira. Não recebemos qualquer material que mostre o que será ensinado em sala de aula, seus autores e metodologias. Talvez seja um dado reservado aos deputados da bancada do PSDB, altamente seguros sobre as tecnologias inovadoras da UNESCO.

A UNESCO e seus métodos

Se o documento enviado pelo Portal da Transparência do RS para a Lócus não conta tudo, a própria agência dá dicas. No livreto de 148 páginas “Orientações técnicas internacionais de educação em sexualidade – Uma abordagem baseada em evidências”, publicado pela UNESCO e já na segunda edição (2019), são regradas as abordagens para o assunto sexualidade, no desenvolvimento de currículos nas autoridades nacionais.

O manual da UNESCO para educação em sexualidade. Baixe aqui.

Diz a contracapa:

“As Orientações Técnicas Internacionais de Educação em Sexualidade da ONU foram publicadas pela primeira vez em 2009 como uma abordagem fundamentada por evidências para escolas, professores e educadores em saúde. Reconhecendo as mudanças dinâmicas ocorridas no campo da educação em sexualidade desde então, um grupo ampliado de organizações coeditoras da ONU fez a revisão e a atualização dos conteúdos para responder de forma apropriada às necessidades de jovens estudantes, bem como proporcionar apoio a sistemas e profissionais de educação que atuam para atender a essas necessidades.

“As Orientações Técnicas Internacionais de Educação em Sexualidade (edição revisada) fornecem orientação técnica sólida sobre as características de programas eficazes de educação integral em sexualidade (EIS); um conjunto recomendado de tópicos e objetivos de aprendizagem que devem ser abordados pela educação em sexualidade; e recomendações para o planejamento, a implementação e o monitoramento de programas eficazes de EIS.

“Esta edição revisada das Orientações reafirma a posição da educação em sexualidade dentro de uma matriz de direitos humanos e igualdade de gênero, e promove a aprendizagem estruturada sobre sexo e relacionamentos de maneira positiva, afirmativa e centrada nos melhores interesses dos jovens. Baseia-se em uma revisão das evidências e das lições aprendidas mais recentes a respeito da implementação de programas de EIS no mundo. As Orientações revisadas refletem a contribuição da educação em sexualidade para a consecução de vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em especial o Objetivo 3 sobre a boa saúde e bem-estar para todas as pessoas, o Objetivo 4 sobre a educação de qualidade para todas as pessoas, e o Objetivo 5 sobre o alcance da igualdade de gênero.”

Pontos de destaque

O livro aborda gênero de forma ampla em diversos momentos (a palavra aparece 229 vezes na obra). No glossário, gênero é definido como atributos e a oportunidades sociais associados ao fato de ser masculino ou feminino e aos relacionamentos entre mulheres e homens e entre meninas e meninos, bem como aos relacionamentos entre mulheres e aos relacionamentos entre homens. Tais atributos, oportunidades e relacionamentos são construídos socialmente e são aprendidos por meio de processos de socialização.

Há também a definição para identidade de gênero: a experiência interna e individual profunda do gênero de cada pessoa, que pode ou não corresponder ao sexo atribuído no nascimento, incluindo o senso pessoal do corpo (que pode envolver, por livre escolha, modificação da aparência ou função corporal por meios médicos, cirúrgicos e outros).

Em Inconformidade de gênero, define: se refere a pessoas que não estão em conformidade com qualquer uma das definições binárias de sexo (masculino ou feminino), e também àquelas pessoas cuja expressão de gênero pode diferir das normas padronizadas de gênero. Em alguns casos, os indivíduos são considerados pela sociedade por ter essa inconformidade em função de sua expressão de gênero. No entanto, esses indivíduos podem não se perceber sua condição de ter inconformidade de gênero. A expressão e a inconformidade de gênero têm clara relação com percepções individuais e sociais de masculinidade e feminilidade.

As orientações da UNESCO defendem o aborto

O aborto (51 menções) é defendido como objetivo das políticas da agência em vários tópicos, pedindo a garantia de “direitos reprodutivos”, queda de barreiras como “consentimentos e autorizações” e, literalmente, liberação de leis restritivas sobre o aborto (página 127). Paralelamente, orientações também pedem que o aborto não seja promovido como método de planejamento familiar e que outros serviços sejam oferecidos. Pelo menos 4 especialistas conselheiros das políticas da UNESCO são ou foram da Planned Parenthood, entidade abortista americana, além de diversos trabalhos “PP” serem listados como estudos referenciados.

Conclusão

Por trás do esforço (justificável) para combater a AIDS no Rio Grande do Sul através da parceria com a UNESCO, existe um arcabouço teórico comprometido com diversas ideologias e uma agenda explícita, gestada na ONU e entidades parceiras. Apesar de usar dinheiro público federal (R$ 4,4 milhões em 4 anos com verbas do Ministério da Saúde) muitas ações – dentro das diretrizes apontadas no guia da UNESCO, não no contrato – vão contra os ditames e estilo do governo Bolsonaro nas áreas da saúde e educação. Qualquer crítica é justa, perto deste cenário defendido com unhas e dentes pelo PSDB do Rio Grande do Sul.

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Bolsonarismo gera enxurrada de visualizações nos cortes do debate com os candidatos ao governo RS na Band

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Vídeos postados no Youtube com conteúdo protagonizado por Onyx Lorenzoni no canal da Band RS têm desempenho superior aos demais

A Rede Bandeirantes realizou na segunda, dia 8 de agosto, o primeiro debate com os candidatos ao governo gaúcho nas eleições de 2022. Participaram oito dos dez concorrentes: Vieira da Cunha (PDT), Edegar Pretto (PT), Eduardo Leite (PSDB), Luis Carlos Heinze (PP), Onyx Lorenzoni (PL), Ricardo Jobim (Novo), Roberto Argenta (PSC) e Vicente Bogo (PSB).

O debate teve uma duração de duas horas e você pode conferir na íntegra no link abaixo:

Costume tradicional nos podcasts, os “cortes” ganharam vida também nos canais das TVs na internet. Eles são momentos especiais do conteúdo escolhidos pelos editores e repostados no Youtube. Como estes pequenos vídeos são protagonizados por um candidato em especial ou representam tópico específico – muitas vezes apoiado pelo texto escolhido para a miniatura – acabam virando um termômetro da popularidade dos candidatos nas redes.

A Band postou cerca de 30 cortes após o evento e a diferença de visualizações entre eles é gritante, com grande predomínio dos vídeos favoráveis a Bolsonaro. Foram 24 destaques do debate e 8 considerações finais. O vídeo mais visto até o momento da edição deste texto foi o “Edegar Pretto (PT) questiona Onyx Lorenzoni (PL) sobre rompimento com Eduardo Leite”, com 706 mil visualizações, 28 mil curtidas e 3.865 comentários. Apesar de ser o “momento” do candidato petista perguntar ao bolsonarista, a “miniatura” que divulga o corte mostra Onyx com a frase “Ou tá com Lula ou tá com Bolsonaro”.

 

Os cortes do segundo ao quarto lugar também são identificados com Lorenzoni, obtendo 67 mil, 21 mil e 16 mil visualizações. Até nos vídeos de “considerações finais” o candidato do PL ficou na frente: 3800 contra 511 de Eduardo Leite.

Onyx líder nas miniaturas

O arranjo descompassado entre protagonista do corte (ou quem pergunta para o concorrente) e a miniatura que divulga o vídeo – escolhas dos editores da Band – acabou por favorecer o candidato do PL. Foram 6 “figurinhas” para Onyx, 4 para Jobim e Vieira, 3 para Argenta, 2 para Bogo, Leite e Heinze e apenas uma para Pretto. Os vídeos, por sua vez, são equânimes: cada candidato perguntou 3 vezes para um concorrente. O petista Pretto fez perguntas para Vieira, Heinze e Lorenzoni, mas só virou figurinha quando indagado por Bogo.

Em tempos de algoritmos com critérios que só os desenvolvedores das bigtechs conhecem, esta forma de publicação pode distorcer um pouco a percepção da realidade e desempenho de candidatos. De qualquer forma, é pouco para explicar o enorme sucesso de Onyx em visualizações. O conteúdo do candidato, provavelmente, caiu na rede bolsonarista nacional, que admira o confronto contra o PT, especialmente pelo mote “Está com Lula ou Bolsonaro”. Existe significativo número de comentários nos vídeos de pessoas que dizem não serem do Rio Grande do Sul, mas apoiam o que foi dito.

Por fim, surpreende o desempenho pífio de Eduardo Leite com a audiência. Dos seus três pronunciamentos publicados, um serviu de escada para Onyx faturar 67 mil visualizações (O Senhor Priorizou um Projeto de Poder) e “traço” com os temas geração de emprego e investimento em segurança.

A eleição nem começou, mas a Band deu o tom. Os cortes serão uma ferramenta importante na divulgação dos canais e os candidatos devem correr na frente para fabricar os próprios, com o mesmo conteúdo mas com o tom que lhes favoreçam. E o eleitor (que vota no RS) que decida pelo melhor.

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Rei do marketing: deputado exagera em panfleto distribuído em Passo Fundo

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Mateus Wesp quer a marca do “deputado que trouxe mais de meio bilhão” para a cidade, incluindo até dinheiro federal do aeroporto

Passo Fundo recebeu um impresso do deputado estadual Mateus Wesp na última semana. De título “Prestação de Contas (2019-2022) – O Trabalho do Deputado que Trouxe Mais de Meio Bilhão de Reais para Passo Fundo e Região”, o panfleto amarelinho de 10 páginas apareceu na caixa de correio de muita gente na cidade.

Panfleto Wesp

Wesp e seu panfleto amarelo: uma lista de conquistas heróicas.

A distribuição maciça do material coincidiu com a visita a Passo Fundo do ex-governador Eduardo Leite (sexta, 22 de julho) e com uma festa de aniversário para deputado em CTG, na presença de tucanos estaduais.

A Lócus teve acesso ao livrinho, o qual lista realizações do deputado, envios de verbas e mostra como o político tem (ou teria) ótimas relações com o Executivo, que dá atenção para seus pedidos especiais. Tudo acompanhado do bordão “Sem deputado Wesp / Com deputado Wesp” a cada item.

Depois de elencar milhões aqui e ali em emendas e programas governamentais para a saúde da região, a página 2 destaca algo curioso: “a pedido do deputado”, escolas de Passo Fundo, Carazinho, Getúlio Vargas e Soledade foram inseridas no “Programa Avançar na Educação”, escolhidas entre outras 54 para se tornarem “Escola Modelo”.

Acima: dinâmica e cidades das escolas escolhidas para integrarem o programa “Escola Padrão”, segundo documentação do Governo RS.

É de se espantar que o Executivo, com equipe técnica na área da educação, economia e tantos outros departamentos da máquina pública na mão receba de um deputado seleção de escolas para programas. Mais estranho ainda é consultar a documentação do Programa Avançar Na Educação e constatar que o programa Escola Padrão selecionou 52 escolas a partir do Índice de Infraestrutura das Escolas, calculado pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE/SPGG), garantindo pelo menos uma escola por Coordenadoria Regional e preferencialmente sem projeto ou obra em execução e mais 3 indígenas e uma quilombola.

Responsável por tudo

O deputado segue dando a entender que tudo de bom é causado por seu mandato. A fazenda da Brigada Militar arrendada? Obra de Mateus Wesp. A Cadeia Pública? Obra de Mateus Wesp. Estradas? Turismo? Tudo era mato antes de 2019. Paulo Maluf está orgulhoso do deputado gaúcho, esteja onde estiver.

Wesp Estradas

Rei do marketing: sem o deputado Wesp, pessoas morrem nas estradas. Graças a ele, tudo melhorou ou vai melhorar.

Aeroporto de Passo Fundo e Impostos

Wesp fez a obra sair do papel e desembarcou com o governador Eduardo Leite por aqui para dar a ordem. No imposto de fronteira, por ter votado sim ao fim da cobrança (assunto polêmico, já que outras forças políticas declaram que não foi bem assim) – o deputado também se considera responsável por tal feito. Ele também significa “contas em dia” e outras diversas benesses.

Wesp e Leite: nunca antes na história deste Estado.

 

Meio bilhão

O panfleto acaba com uma lista de valores precedida pelas afirmações “Nunca um deputado estadual e um governador trouxeram tantos investimentos para Passo Fundo e região. Total de investimentos: mais de meio bilhão de Reais”. No tabelão de emendas e recursos, os destaques somam R$ 551 milhões. Entre eles, o dinheiro federal para a reforma do aeroporto Lauro Kortz – a cereja do bolo neste conjunto de exageros, promoção pessoal e um festival de dados sem referência. Ainda bem que o o material deixa uma última mensagem: pago com recurso próprio. Imaginem isso tudo financiado pelo dinheiro dos pagadores de impostos? Aí seria demais.

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Wesp está na liderança dos gastos com diárias na Assembleia em 2022

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Neste ano eleitoral, avançam os gastos com diárias na Assembleia e o líder até o momento é o deputado de Passo Fundo

O deputado Mateus Wesp (PSDB) já recebeu mais de R$ 27 mil em diárias até o momento na Assembleia Legislativa. Segundo a Transparência do Governo RS, os valores são referentes a viagens entre janeiro e junho deste ano, com diárias lançadas no “futuro” para duas empreitadas no RS, provável erro no sistema. O valor deixa o deputado na liderança dos gastos, seguido por Elton Weber (PSB) com R$ 26 mil e Antônio Valdeci Oliveira (PT) com R$ R$ 25 mil.

Todo o Legislativo gastou R$ 1,5 milhão em 3819,5 diárias até o momento.

A metade dos gastos de Wesp ficou por conta da viagem com destino aos Estados Unidos em março, para acompanhar Eduardo Leite. O deputado visitou Nova Iorque, Austin e Washington. A presença de alguém do Legislativo em comitiva de “exibição de potencialidades e conhecimento de novas tecnologias” é, no mínimo, discutível. As 7 diárias ficaram em R$ 14.358,68.

 

Wesp viajando

 

Em 2021, Wesp consumiu R$ 17 mil em diárias (29), contra R$ 12 mil em 2020 (20) e R$ 24,6 mil em 2019 (30,5). O deputado encerrará o último ano com o maior gasto durante o mandato e talvez como campeão entre todos os políticos da casa.

Wesp está na liderança

O deputado por Passo Fundo Mateus Wesp já apareceu em diversos levantamentos da Lócus sobre gastos com diárias e gasolina, sempre ocupando boas posições (para o deputado, nem tanto para o contribuinte). Você pode conferir alguns destaques aqui, aqui e aqui.

diárias 2022

Diárias consumidas até o momento e registradas no Portal da Transparência, para todo o Poder Legislativo. Acesse aqui o portal. Em 2021 INTEIRO, os gastos foram de R$ 1,91 milhão para 4566 diárias.

“Ah, mas eu trago recursos”

Muitos dos políticos confrontados com o alto gasto em viagens respondem que “estão trabalhando” e “trazendo recursos”, termo para fazer o que tem que ser feito e retorno dos impostos já pagos pelo contribuinte. A diária acaba virando uma espécie de comissão pelos serviços prestados que é adicionada ao já gordo salário. Outra coisa ainda mais séria e já falada por aqui: e quando o político tira diária e gasolina para viajar e gasta metade do tempo em evento partidário na cidade destino? Isso não tem cabimento, mas acontece muito.

É bom ficar de olho em todos, de Porto Alegre e de Passo Fundo.

 

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