Entre em contato

Covid-19

Quantos governantes sentem na própria pele as consequências de suas decisões?

Publicado

on

Cidney Antonio Surdi Junior*

Atualmente, se as medidas restritivas impostas à população, por conta do combate ao Covid-19, são realmente necessárias e devem ser cumpridas por todos, mesmo que sacrifícios tenham que ser feitos em nível dramático, não seria razoável que salários e rendimentos daqueles que decretam tais medidas também sofressem reduções?

Na obra Arriscando a Própria Pele (2017), o escritor Nassim Nicholas Taleb afirma: não confie em alguém que não arrisca a própria pele.  Na Roma Antiga, o arquiteto responsável pela construção de uma ponte deveria passar um tempo morando embaixo dela para comprovar o sucesso de sua construção. Alexandre, o Grande, frequentemente participava de suas batalhas no campo, junto aos soldados, e suas ordens de ataque eram guiadas por ele mesmo. Hoje, quantos governantes sentem na própria pele as consequências de suas decisões?

Com o início do alastramento das contaminações por Covid-19, em fevereiro de 2020, testagens, uso de máscaras, álcool gel, precauções pessoais e distanciamento social foram assumidos como formas de controle dessa pandemia. Em alguns casos, para conter a origem das contaminações, o distanciamento social foi entendido como ficar absolutamente em casa – o tal lockdown. Desde então, muitos governantes assumiram essa política como necessidade sanitária. E as consequências disso, nós já experimentamos uma vez.

As recentes recomendações, medidas e decretos impostas por promotores estaduais e pelo governador Eduardo Leite sobre o comércio de todo o estado, em nome do combate a contaminação do Covid-19 e a superlotação das UTIs, resultam em graves consequências para os comerciantes e demais prestadores de serviço. O mesmo tem acontecido em outros estados, onde medidas rígidas, muitas vezes incoerentes e pouco científicas, são impostas a população sob o argumento do cuidado da saúde da população. O fechamento total ou parcial do comércio, restrições de venda, definição de produtos essenciais, toque de recolher das 22h às 5h, detenções de cidadãos honestos que estavam trabalhando, são alguns exemplos de decretos que trarão prejuízos e consequências sérias para a vida de trabalhadores. É certo que muitos nessa situação terão de enfrentar dificuldades financeiras gravíssimas.

Para muitos comerciantes, o sustento de sua família vem direta e precisamente de sua atividade, sendo investido ali os meios para o futuro de seus filhos. Agora, pense por um momento na rotina de um indivíduo investido de autoridade para recomendar ou decretar o fechamento do comércio por ocasião da contaminação pelo vírus chinês. Quantos governantes ou promotores são prejudicados real e diretamente por suas próprias decisões? O quanto da sua vida e de seus familiares são afetados diretamente? Seus salários, rendimentos e investimentos serão prejudicados diretamente? (veja a reportagem da Lócus: MP defende fechamento do comércio e ameaça entidades que incentivarem a abertura das lojas). O futuro de sua família poderá ficar comprometido? Anos de sacrifício e investimento seu poderão ficar comprometidos ou correr o risco de perder tudo? Ele assumirá alguma dívida pessoal que, possivelmente, tome meses ou anos para ser quitada? Haverá algum fornecedor que lhe cobrará na justiça o não pagamento? Ele sofrerá a possibilidade de atrasar o aluguel de sua residência? Por acaso ele sofrerá o risco direto e real de simplesmente não ter dinheiro para pagar as suas contas?

O grau de responsabilidade de nossas decisões sempre estará relacionado ao risco que nós mesmos corremos. Atualmente, se as medidas restritivas impostas à população, por conta do combate ao Covid-19, são realmente necessárias e devem ser cumpridas por todos, mesmo que sacrifícios tenham que ser feitos em nível dramático, não seria razoável que salários e rendimentos daqueles que decretam tais medidas também sofressem reduções? Se as decisões de quem decreta lockdown total também o afetassem diretamente, tudo que estamos vivendo ainda se manteria neste nível?

A literatura disponível até o momento apresenta números variados sobre a eficácia do lockdown. Muitos estudos apresentam resultados mostrando que o ‘fique em casa’ tem efeito significativo na redução da contaminação (por exemplo, o estudo de Solomon Hsiang, ou o estudo de Seth Flaxman). Outros estudos apresentam análises de dados que mostram não haver uma relação significativa entre lockdown e o número de óbitos por Covid-19 (por exemplo, o estudo de R. Savaris). A dúvida inerente à pesquisa científica existe. Por uma questão de conhecimento básico sobre o vírus e sua transmissão, políticas públicas têm assumido o lockdown como o modo mais direto de lidar com a situação. Mas depois de tantas narrativas sobrepostas, falsas esperanças anunciadas, medo disseminado e hipocrisias escancaradas, quem ainda se preocupa com a verdade? Quem está, de fato, arriscando a própria pele?

 

*Cidney Antonio Surdi Junior – Professor e pesquisador na área de história da educação, filosofia e cultura. Mestre em Filosofia pela UFPR. Criador do canal Filosofando Podcast e pai do Dante.

Covid-19

Mais de dois anos depois, a Prefeitura de Passo Fundo ainda gasta milhões com o coronavírus

Publicado

on

gasta milhões

De folha de pagamento até ajuda para grupos artísticos, muito dinheiro vai para a conta do vírus na cidade

Lá se vão quase 900 dias desde o primeiro caso de COVID-19 na cidade de Passo Fundo, mas o problema financeiro parece longe de acabar. A “Transparência COVID” da prefeitura aponta um gasto empenhado de R$ 7 milhões em 2022, até o dia 6 de setembro. Deste valor, foram pagos R$ 6,88 milhões.

A lista de beneficiados em 2022 com dinheiro público tem 260 nomes. Há pagamentos para empresas fornecedoras da saúde, como esperado, mas a maioria entrou como folha de pagamento (R$ 4,1 milhões). Passo Fundo ainda pagou R$ 800,00 para 203 pessoas a título de “Auxílio a Pessoas Físicas”, dentro de programas culturais em parceria com o governo do Rio Grande do Sul.

Acima: habilitação da Prefeitura de Passo Fundo em edital para cultura no governo do estado. Publicação do DOE completa, aqui.

Entidades tradicionalistas foram contempladas através da Lei 5564/2021, criadora do auxílio específico para o setor. A Lei do Executivo projetou um impacto financeiro de R$ 270 mil. As entidades receberam valores entre 5 e 20 mil Reais e precisam prestar contas das despesas autorizadas, que vão de pagamentos de aluguéis até despesas com instrutores.

Câmara aprovou

É bom lembrar que os gastos extras com dinheiro municipal passaram pela Câmara de Vereadores de Passo Fundo, com aprovação. Tema delicado, mas que exige uma avaliação profunda da casa para que fiscalize a destinação dos recursos, prestação de contas e o real impacto no orçamento de Passo Fundo, seja para mais ou para menos: se a cidade ficará prejudicada por falta de recursos que foram aplicados nos auxílios ou se o gestor teve liberdade para realizar gastos – perante a folga – que não realizaria em tempos normais. Que aliás já são normais faz tempo para quem não ganha dinheiro público em época de eleição.

Listão

Direto da transparência da Prefeitura de Passo Fundo, a lista com as pessoas e entidades beneficiadas com auxílio ou que tiveram produtos ou serviços pagos na “Conta COVID” no ano de 2022 (até o dia 6/9). Acesse aqui o PDF.

Veja também

Socorro aos artistas passo-fundenses: dinheiro público para aliviar os efeitos da pandemia (agosto de 2020)

Mas afinal, quanto dinheiro o Governo Federal mandou para Passo Fundo gastar com a pandemia? (setembro de 2020)

 

 

 

Continue Lendo

Covid-19

Candeia: “Lockdown não teve eficácia nenhuma”

Publicado

on

Recentemente, o Ministério da Saúde brasileiro decretou o fim do estado de emergência sanitária nacional. Na tribuna, Rodinei Candeia (REPUBLICANOS) apontou os erros e acertos dos órgãos públicos durante a pandemia de Covid-19.

Continue Lendo

Covid-19

Candeia critica atuação do Conselho Municipal de Direitos Humanos em Passo Fundo

Publicado

on

Eu vejo que essas entidades que se dizem protetoras dos direitos humanos em verdade usam as suas posições para impor o entendimento verdadeiramente político-ideológico sobre o comportamento das pessoas, querendo sobrepor a competência que tem o Executivo Municipal para tratar dessas matérias.” (Candeia)

Poucas semanas atrás, o prefeito de Passo Fundo Pedro Almeida se manifestou nas redes sociais acerca do uso obrigatório de máscaras na cidade. Na ocasião, disse que achava prudente a liberalização do uso em locais públicos, posteriomente promulgando decreto. Ocorre que muitas pessoas já não estavam usando máscara em locais públicos, embora muitos respeitassem as exigências relacionadas a ambientes fechados. Acabou sendo mais discurso do que uma ação efetiva sobre essa questão na cidade. Na prática, no entanto, muitos deram aquela interpretação lato sensu para o decreto, deixando até mesmo de usar máscaras em ambientes fechados.

Leia mais em: Pedro Almeida decide colocar na conta de Bolsonaro a história das máscaras

Nesta história, é certo que alguns grupos, sobretudo aqueles que marcaram seu posicionamento “pró” tudo o que estava relacionado a covid e suas medidas autoritárias e restritivas, não deixaria o assunto por isso mesmo. E foi o que fez a Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo.

Então a CDHPF protocolou ação civil pública, a fim de obrigar a população a voltar a utilizar máscaras. Na Sessão Plenária do dia 30 de março, o vereador Rodinei Candeia criticou a postura da entidade:

“Eu vejo que essas entidades que se dizem protetoras dos direitos humanos em verdade usam as suas posições para impor o entendimento verdadeiramente político-ideológico sobre o comportamento das pessoas, querendo sobrepor a competência que tem o Executivo Municipal para tratar dessas matérias”.

Veja, a seguir, o trecho em que o parlamentar trata do assunto na tribuna:

Continue Lendo

Mais Acessados

Copyright © 2021. Lócus Online.